sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

• 2º Domingo da Quaresma

DIOCESE DE ILHÉUS – PARÓQUIA DE SÃO ROQUE

IPIAÚ - BAHIA

Ano C – Lucas

28 de fevereiro de 2010

- CICLO DA PÁSCOA -

. Edvaldo Santiago

CICLO DA PÁSCOA


ANO SACERDOTAL

• Dia da Igreja
• 2º Domingo da Quaresma

Oração do Dia

Espírito de glorificação, ajuda-me a compreender a paixão de Jesus sob o prisma da transfiguração, pois foi o Filho predileto do Pai quem se tornou vítima da maldade. (Paulinas).

• A quaresma é o período de 40 dias que antecedem a Páscoa. É época de reflexão profunda em torno da vida, de peregrinação a caminho do Infinito.

Quaresma é tempo de penitência, abertura espiritual na mudança do “homem velho” para o “homem novo”, sem remendo, sem artifício. O sofrimento, as preocupações, as angústias devem ficar para trás, porque Deus sempre esteve e está conosco.

Leituras litúrgicas

Primeira Leitura – Gênesis – 15, 5-12. 17-18

5. E, conduzindo-o fora, disse-lhe: “Levanta os olhos para os céus e conta as estrelas, se és capaz... Pois bem, ajuntou ele, assim será a tua descendência.”
6. Abrão confiou no Senhor, e o Senhor lho imputou para justiça.
7. E disse-lhe: “Eu sou o Senhor que te fiz sair de Ur da Caldéia para dar-te esta terra.”
8. “O Senhor Javé, como poderei saber se a hei de possuir?”
9. “Toma uma novilha de três anos, respondeu-lhe o Senhor, uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho.”
10. Abrão tomou todos esses animais, e dividiu-os pelo meio, colocando suas metades uma defronte da outra; mas não cortou as aves.
11. Vieram as aves de rapina e atiraram-se sobre os cadáveres, mas Abrão as expulsou.
12. E eis que, ao pôr-do-sol, veio um profundo sono a Abrão, ao mesmo tempo que o assaltou um grande pavor, uma espessa escuridão.
13. O Senhor disse-lhe: “Sabe que teus descendentes habitarão como peregrinos uma terra que não é sua, e que nessa terra eles serão escravizados e oprimidos durante quatrocentos anos.
14. Mas eu julgarei também o povo ao qual estiverem sujeitos, e sairão em seguida dessa terra com grandes riquezas.
15. Quanto a ti, irás em paz juntar-se aos teus pais, e serás sepultado numa ditosa velhice.
17. Quando o sol se pôs, formou-se uma densa escuridão, e eis que um braseiro fumegante e uma tocha ardente passaram pelo meio das carnes divididas.
18. Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão: “Eu dou, disse ele, esta terra aos teus descendentes, desde a torrente do Egito até o grande rio Eufrates:

Salmo 26, 1 - 3

. De Davi. O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo?
2. Quando os malvados me atacam para me devorar vivo, são eles, meus adversários e inimigos, que resvalam e caem.
3. Se todo um exército se acampar contra mim, não temerá meu coração. Se se travar contra mim uma batalha, mesmo assim terei confiança.

Segunda Leitura – Filipenses – 3,17 – 4,1

17. Irmãos, sede meus imitadores, e olhai atentamente para os que vivem segundo o exemplo que nós vos damos.
18. Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho falado e agora o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo,
19. cujo destino é a perdição, cujo deus é o ventre, para quem a própria ignomínia é causa de envaidecimento, e só têm prazer no que é terreno.
20. Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
21. que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura
1. Portanto, meus muito amados e saudosos irmãos, alegria e coroa minha, continuai assim firmes no Senhor, caríssimos.

Jesus entre Moisés e Elias


• Evangelho – Lucas 9, 28b – 36

28. Passados uns oitos dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar.
29. Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura.
30. E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias,
31. que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém.
32. Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua companhia.
33. Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: Mestre, é bom estarmos aqui. Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias!... Ele não sabia o que dizia.
34. Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande pavor.
35. Então da nuvem saiu uma voz: Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!
36. E, enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos calaram-se e a ninguém disseram naqueles dias coisa alguma do que tinham visto.

Comentário do Evangelho

No alto da montanha, Moisés e Elias conversam com Jesus.

A Transfiguração marca uma trajetória entre o ministério de Jesus e o Seu caminho em direção a Jerusalém, lugar onde sofreria violência e morte por parte dos judeus e romanos.

Essa cena marca de modo profundo, o encontro, a inteireza de Jesus como Filho do Deus Vivo. Jesus veio para cumprir toda a História do Povo de Deus, unindo-Se a
Moisés – Antigo Testamento – e Elias – a Lei.

Jesus Cristo veio ao mundo, cumprir a vontade do Pai, criando um novo êxodo, semelhante à caminhada de Moisés. O Reino de Deus está próximo, já chegou.

Na primeira leitura, vê-se a fé de Abraão e a aliança de Deus ele, fazendo dele o responsável por uma descendência interminável.

Versículo 5:

E, conduzindo-o fora, disse-lhe:
“Levanta os olhos para os céus e
conta as estrelas, se és capaz...
Pois bem, ajuntou ele,
assim será a tua descendência.”

São Paulo, aos filipenses (segunda leitura), preso, pede a eles que sejam seus imitadores na fé em Jesus Cristo.

Lucas, no seu estilo literário modelar, narra o divino momento em que Jesus Se transfigura, num corpo glorioso, mais branco que a neve. Isso frente a Pedro, João e Tiago que dormiam, sem, ainda, nada entenderem da messianidade de Jesus.

Jesus nos dá, a toda a humanidade, a Sua ´vida, o Seu como após a morte, Jesus ressuscitado.

Mesmo convivendo com o Mestre, diariamente, os discípulos não entenderão a grandiosidade da cena. Pedro, inclusive, absorto, diante do ato, sugeriu a Jesus que se fizessem três tendas: uma para Jesus, outra para Moisés e a terceira para Elias.

Como Pedro, ainda estamos nós com o pés na terra sem compreender as coisas do céu. O Reino está perto de nós, já chegou, todavia continuamos a ignorar que Jesus é o Novo Adão, o Novo Moises, que veio ao mundo continuar o êxodo, a saída da escravidão, rumo ao novo céu, a nova terra: o Reino de Deus
Culminando toda a cena da Transmigração, a voz de Deus de se fez, para que todos ouçamos e vigiemos as nossas ações de todos os dias:

(v 35) “Então da nuvem saiu uma voz:
Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!”
Quaresma, tempo de recolhimento e oração.

Tempo certo de ouvir a Voz de Deus!

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

• Bom Domingo para todos.

Wanda e Tatai

28.02.2010.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

DIOCESE DE ILHÉUS – PARÓQUIA DE SÃO ROQUE

IPIAÚ - BAHIA

Ano C – Lucas

21 de fevereiro de 2010

- CICLO DA PÁSCOA -

. Edvaldo Santiago


ESPIRITUALIDADE

DO CICLO DA PÁSCOA

ANO SACERDOTAL

• Dia da Igreja


• 1º Domingo da Quaresma

Oração do Dia

Senhor, neste período da Quaresma, fortaleça nosso espírito de humildade, a fim de entendermos melhor nossa missão cristã de servir e de amar nsso próximo.

• A quaresma é o período de 40 dias que antecedem a Páscoa. É época de reflexão profunda em torno da vida, de peregrinação a caminho do Infinito.

Quaresma é tempo de penitência, abertura espiritual na mudança do “homem velho” para o “homem novo”, sem remendo, sem artifício. O sofrimento, as preocupações, as angústias devem ficar para trás, porque Deus sempre esteve e está conosco.

A lição de Jesus Cristo – desde a Sua tentação no deserto - nos ficou e de modo muito intenso. Após a sexta-feira triste da paixão acontece o Domingo da Ressurreição e a Vida. A vida plena, com a cruz da redenção e não mais a cruz do calvário. Cristo ressuscitou. A vida venceu a morte! Aleluia!

Leituras litúrgicas

Primeira Leitura - Deuteronômio 26, 4 – 10.

4. O sacerdote, recebendo o cesto de tua mão depô-lo-á diante. do altar do Senhor, teu Deus.

5. Dirás então em presença do Senhor, teu Deus: meu pai era um arameu prestes a morrer, que desceu ao Egito com um punhado de gente para ali viverem como forasteiros, mas tornaram-se ali um povo grande, forte e numeroso.
6. Os egípcios afligiram-nos e oprimiram-nos, impondo-nos uma penosa servidão.
7. Clamamos então ao Senhor, o Deus de nossos pais, e ele ouviu nosso clamor, e viu nossa aflição, nossa miséria e nossa angústia. O Senhor tirou-nos do Egito com sua mão poderosa e o vigor de seu braço,
8. operando prodígios e portentosos milagres.
9. Conduziu-nos a esta região e deu-nos esta terra que mana leite mel.
10. Por isso trago agora as primícias dos frutos do solo que me destes, ó Senhor. Dito isto, deporás o cesto diante do Senhor, teu Deus, prostrando-te em sua presença.

Salmo 90, 15b

15. Na tribulação estarei com ele. Hei de livrá-lo e o cobrirei de glória.

Segunda Leitura – Romanos 10, 8 - 13

8. Que diz ela, afinal? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração (Dt 30,14). Essa é a palavra da fé, que pregamos.
9. Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10. É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação.
11. A Escritura diz: Todo o que nele crer não será confundido (Is 28,16).
12. Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam,
13. porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Jl

• Evangelho – Lucas 4, 1 – 13

1. Cheio do Espírito Santo, voltou Jesus do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto,
2. onde foi tentado pelo demônio durante quarenta dias. Durante este tempo ele nada comeu e, terminados estes dias, teve fome.
3. Disse-lhe então o demônio: Se és o Filho de Deus, ordena a esta pedra que se torne pão.
4. Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra de Deus (Dt 8,3).
5. O demônio levou-o em seguida a um alto monte e mostrou-lhe num só momento todos os reinos da terra,
6. e disse-lhe: Dar-te-ei todo este poder e a glória desses reinos, porque me foram dados, e dou-os a quem quero.
7. Portanto, se te prostrares diante de mim, tudo será teu.
8. Jesus disse-lhe: Está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e a ele só servirás (Dt 6,13).
9. O demônio levou-o ainda a Jerusalém, ao ponto mais alto do templo, e disse-lhe: Se és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
10. porque está escrito: Ordenou aos seus anjos a teu respeito que te guardassem.
11. E que te sustivessem em suas mãos, para não ferires o teu pé nalguma pedra (Sl 90,11s.).
12. Jesus disse: Foi dito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16).
13. Depois de tê-lo assim tentado de todos os modos, o demônio apartou-se dele até outra ocasião.

Jesus é tentado no deserto.

- Comentário do Evangelho -

Como Jesus realiza a libertação dos oprimidos

• A libertação é dom de Deus e conquista das pessoas.

O povo oprimido começa a reunir-se em torno de um bem, um dom que o Espírito Santo deu a todos: a fé, a busca da libertação. O direito de ser livre.

Jesus inicia Seu ministério, vencendo as tentações do diabo, nos quarenta dias e quarentas noites, no deserto rejeitando as promessas que fariam d’Ele um super-homem, diante de todos, diante do mundo.

Quarenta dias, quarenta noies sofrendo do mal as promessas que o Filho de Deus recusará durante toda a Sua vida. Custou caro ao Mestre, todavia Ele venceu até a morte cumpriu, fielmente, o Projeto do Pai: a libertação e a vida para todos!

Número simbólico o 40, que nos faz lembrar a caminhada de Moisés e seu povo, no deserto; o mesmo Moises no montanha, escrever a Lei; Elias no monte Horeb. Daí o período da Quaresma, também como símbolo da Historia do Povo de Deus.

Logo após o batismo, o Espírito levou Jesus ao deserto e lá, durante 40 dias e 40 noitesx,foi Jesus tentado pelo diabo.

A fim seduzir Jesus, o diabo tentou-O, mandando que o Filho de Deus transformasse pedras em pães. Tentação da abundância, precisamente todano no asunto da fome, da necessidade premente do povo; exploração da miséia.

Jesus resistiu, expondo que a necessidade do povo não é só de pão. O povo, além da falta de pão, não tem o qe vestir, não tem onde morar. Nen só de pão vive o homem.. Apalavra de Deus é primazia de todos.

Em seguida, a segunda tentação da riqueza e o poder, quando o diabo levando Jesus ao alto do lugar ofereceu-Lhe tudo, tudo seria d’Ele, se adorasse Satanás. Por si sós, o poder e a riqueza são perigosos e conduzem ao mal. Por isso, Jesus, recusando, tais poderes, respondeu que só o Pai deve ser adorado.

Ainda uma vez, foi Jesus tentado no deserto. Dessa vez, sugeriu o diabo que, do alto do Templo, que Jesus se jogasse ao chão. Males modernos como sucesso, status, prestígio de ordem pessoal acontecem até hoje e cada dia mais aumente.

Como as tentaçõesanteriores, Jesus recusou, afirmando e confirmando sua missão salvadora e, como Filho de Deus veio ao mundo a fim de verdade, caminho e vida para todos.

Vencendo todas as tentações, Jesus saiu, deixando, por certo, desapontado o diabo que não O deixarei em paz.

Nesse período de quaresma, reservemos tempo, espaços, para refletirmos bem o caos em que estamos vivendo. Corrupção, violência, consumismo desordenado, deaamor, apego excessivo às coisas são tenações do momento.

Penitência, oração, perseverança no bem são objetios deste período.

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

• Bom Domiingo para todos.

Wanda e Tatai
21.02.2010.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

DIOCESE DE ILHÉUS – PARÓQUIA DE SÃO ROQUE

IPIAÚ - BAHIA

Ano C – Lucas

14 de fevereiro de 2010

ANO SACERDOTAL

• Dia do Senhor
• 6º domingo do Tempo Comum

Oração do Dia

Jesus Cristo, tende piedade de nós e nos fazei também incluídos nas Suas Bem-aventuranças, a fim de que possamos atingir o Reino de Deus.

• Leituras Litúrgicas

1ª Leitura – Jeremias 17, 6 - 8

6. Assemelha-se ao cardo da charneca e nem percebe a chegada do bom tempo, habitando o solo calcinado do deserto, terra salobra em que ninguém reside.

7. Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor.
8. Assemelha-se à árvore plantada perto da água, que estende as raízes para o arroio; se vier o calor, ela não temerá, e sua folhagem continuará verdejante; não a inquieta a seca de um ano, pois ela continua a produzir frutos.

Salmo 1

1. Feliz o homem que não procede conforme o conselho dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores, nem se assenta entre os escarnecedores.
2. Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite.



3. Ele é como a árvore plantada na margem das águas correntes: dá fruto na época própria, sua folhagem não murchará jamais. Tudo o que empreende, prospera.
4. Os ímpios não são assim! Mas são como a palha que o vento leva.

5. Por isso não suportarão o juízo, nem permanecerão os pecadores na assembléia dos justos.
6. Porque o Senhor vela pelo caminho dos justos, ao passo que o dos ímpios leva

2ª Leitura – 1 Coríntios 15, 12. 16 – 20

12. Ora, se se prega que Jesus ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns de vós que não há ressurreição de mortos?
13. Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou.
14. Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.
15. Além disso, seríamos convencidos de ser falsas testemunhas de Deus, por termos dado testemunho contra Deus, afirmando que ele ressuscitou a Cristo, ao qual não ressuscitou (se os mortos não ressuscitam).
16. Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
17. E se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, e ainda estais em vossos pecados.
18. Também estão perdidos os que morreram em Cristo.
19. Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima.
20. Mas não! Cristo ressuscitou dentre os mortos, como primícias dos que morreram!

• Evangelho – Lucas 6, 17. 20 – 26

17. Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judéia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e ser curadas das suas enfermidades.
20. Então ele ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus!
21. Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis!
22. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infame por causa do Filho do Homem!

23. Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas.

24. Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação!
25. Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis!
26. Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas!

- Comentário do Evangelho -

A quem pertence o Reino?

• O Reino dos Céus pertence aos pobres. São eles os preferidos do Senhor.

Tudo começa com as bênçãos de Deus. Jeremias (primeira leitura), Antigo Testamento, diz textualmente:

Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor,
e cuja esperança é o Senhor (v 7).

São Paulo, dirigindo-se aos corintios (segunda leitura), discute, explica, expõe sua profissão de fé na ressurreição de Jesus, tema ainda em dúvida para os incrédulos. Na sua firmeza de fé evangeliza, persuade os corintios de que sem a ressureção de Jesus é vã a nossa fé.

Fé é a força, a energia, a graça, é o ponto culminante do cristão. Foi pela fé que o Povo de Deus fez história, desde Abraão até hoje, e nos legou o Amor ao Pai sobre todas as coisas.

No seu evangelho, Lucas historia as Bem-aventuranças, o Sermão da Montanha em que Jesus anuncia a verdadeira felicidade. Num monte, cercado do povo pobre e sofrito, o Filho do Homem apresenta o Código Maior do Cristianismo, as célebres Bem-aventuranças.

Bem-avenurados os pobres, os que têm fome, os que choram, o Reino de Deus lhes pertence. São eles que têm seguido o caminho da luta, do sofrimento, das dores no mundo dos ricos e poderosos.

Ai dos ricos, infiéis a Deus e aos seus semelhantes. Ai dos poderosos, donos do sistema que só pensam em lucros, dinheiro, vantagens pessoais. Esses estão distanes do Reino, pois seus ídolos são outros e não Jesus Cristo, o Redentor.

Ainda que pareça um paradoxo, é essa a verdade. Felizes são aqueles que hoje choram, para sorrirem amanhã. Sofrem as demoras de Deus; permanecem firmes na fé; pois o Reino de Deus lhes pertence.

O anúncio que transforma o mundo: as bem-aventuranças [1]

Com este domingo se inicia a leitura do discurso da "planície", com que Lucas apresenta a nova lei, a vida moral do cristão. No fundo, toda moral natural se pode resumir nesta norma: age segundo aquilo que és. A ação moral está incluída na linha da natureza. Na Bíblia as coisas são diferentes.

A fórmula clássica da lei moral no Antigo Testamento começa assim: "Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair do Egito, da condição de escravo. Não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20,2-3). Em seguida, Determina os preceitos morais: não matar, não roubar, não cometer adultério. Começa-se com uma declaração de fatos históricos, vistos à luz da fé. Os fatos se referem à libertação do povo da escravidão e à sua constituição em nação livre. Os mandamentos são o corolário dos acontecimentos. No Novo Testamento a fundamentação é análoga; o ensinamento moral está ligado ao anúncio do evangelho. Mas aqui há um fato, um acontecimento histórico preciso do qual deriva o compromisso moral.

A hora zero da experiência humana

No evento-Jesus encontra-se a "hora zero da experiência humana». A hora que exige o ato supremo. Esta situação radicalmente nova, o ingresso do Deus "Santo” na história, se realiza sem a contribuição ou o cálculo humano. Simplesmente por um ato de Deus.

Mas essa situação muda a existência. A relação do homem com Deus, e, conseqüentemente, com os outros homens e com as coisas, é transformada pela raiz.

A hierarquia dos valores é totalmente revolucionada. Cria-se uma situação nova, da qual não é possível escapar. Exige-se uma resposta, o sim ou o não, a fé ou a incredulidade; a aceitação comporta uma "vida nova”. O evento-Jesus é a grande ocasião oferecida aos homens de instaurar um novo tipo de relação com Deus, no qual não é permitido fugir dos grandes compromissos morais, enquanto as possibilidades da vida são ilimitadamente ampliadas.

As bem-aventuranças (evangelho) exprimem a inversão radical na ordem dos valores, que o evento-Jesus realizou. São o "sinal” do evento. Com elas, Lucas proclama a ratificação das promessas messiânicas (bem-aventurados os pobres: Is 61,1ss; Lc 4,18-19.21; 7,22; 10,21ss. Bem-aventurados vós que agora chorais...: Is 35,10; Lc 2, 25).

Nestes pobres e perseguidos, Lucas vê a Igreja em que vive (At 14, 12; Lc 11 ,49ss; 12, 4-7.51ss; 21,12-19; 22,35-38).

Quem responde afirmativamente ao evento-Jesus tem a alegria de sentir-se amado por Deus e inscrito na história da salvação, participando da sorte dos profetas e de Jesus. Os quatro “ai de vós” apresentam a sorte oposta dos que dizem não, dos que não crêem no evangelho e, por isso, não se inserem na história salvífica.

As bem-aventuranças não podem ser separadas da pessoa que as pronunciou. Jesus é o "homem das bem-aventuranças". Os pobres são bem-aventurados e a nossa fé não é vã (1 Cor 15) porque ele ressuscitou (2ª leitura).

As bem-aventuranças, lei ou evangelho?

As bem-aventuranças não são lei, mas evangelho. A lei abandona o homem às próprias forças e o incita a adaptar-se a ela até o extremo. O evangelho, ao contrário, põe o homem diante do dom de Deus e o incita a fazer desse inexprimível dom o fundamento da vida.

Em uma civilização de consumo, em que o dinheiro é o ídolo ao qual se sacrificam o homem e todos os outros valores, em um mundo superindustrializado e superseguro, em que não há mais lugar para a liberdade autêntica, só "o homem das bem-aventuranças”, o homem livre das coisas, pode fazer redescobrir a verdadeira face do homem. Jesus louva os pobres que vivem ao mesmo tempo em dois mundos, o presente e o escatológico; ameaça os ricos que vivem em um só mundo, o mundo que escraviza quase inevitavelmente aquele que leva uma vida cômoda. O rico já está tão satisfeito como que possui, que não entra no mais Intimo do próprio ser.

O pobre, entretanto, só possui a solidão, mas a vive com uma coragem que o leva ao íntimo do seu ser, onde é percebido um mundo novo. Assim solitário, ele já partilha das vitórias e revela a proximidade desse novo mundo que caminha com dificuldade, através de sucessos e fracassos, vitórias e traições.