quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Mudar ou Morrer,

eis a questão



A questão, real e necessária, é mudar. Mudar, para ser a verdadeira pessoa, o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Seja homem ou mulher, tem de reencontrar-se consigo mesmo, consigo mesma.

Ninguém nasceu para ser infeliz; ninguém nasceu para ser consumista compulsivo, depressivo, usuário de drogas ou falsear a verdade. O caminho da verdade e único e, só por este caminho, poderemos viver em paz com o mundo. Seja isso, aqui, ali, acolá. O bem e o mal estão em toda parte e as tentações são as mesmas.

Tal assunto nos veio à cabeça, em nos lembrando do ano de 1999; entrando no ano 2000. A história da águia e da galinha, tão bem ilustrada nos livros de Leonardo Boff, “A águia e a galinha” e o “O despertar da águia”.

Comecemos com a velha e conhecida história da águia, muito divulgada por e-mails. Como sabemos essa ave é extraordinária, capaz de vôos altíssimos, o que lhe permite ver o sol de perto e mal algum lhe faz aos olhos, graúdos e reluzentes. Vive em altos penhascos e tem asas bem longas e fortes, além do agudo bico e garras fortíssimas, que lhe permite segurar suas vítimas.

Pois bem, ao chegar aos quarenta anos, já não tem a mesma força para altos vôos. Que faz, então? Sentindo-se fraca, praticamente, agora, indefesa, recolhe-se a um bem alto penhasco e espera, com paciência, que o tempo lhe devolva seus dotes, com os quais nasceu. Aí, começa o ato de mudar. Com um espaço de tempo bem grande, a natureza começa a devolver-lhe os seus dons naturais, dons vindos do instinto natural, comum, também, a todos nós.

No tempo previsto pela própria natureza, cai a casca que lhe envolve o bico, que fica novo em folha. Com o bico, restaurado, consegue, tirar a casca das poderosas garras que, agora, fortes, tira de suas costas as velhas e frágeis penas, tornando-se, a poderosa águia, que era antes. Mudou. Sentindo a confiança que tinha em si mesma. Do alto desse mesmo penhasco, lança-se, confiante e corajosa, dando início a seu novo período de vida. Olha, de novo, o sol de perto e vive mais trinta e cinco anos! A águia mudou, escolheu Viver!

“A águia e a galinha” é uma interessante história narrada por um professor de Gana, na África. Um naturalista, visitando um amigo, foi até o quintal de sua casa e, no galinheiro, avistou uma ave, que lhe não pareceu ser galinha. Acreditou ser mais uma águia que uma galinha, ainda que estivesse no lugar das galinhas, comendo grãos de milho das mãos do dono.

Não se conformando com o que via, confessou ao amigo, sua duvida. Havia no galinheiro, também, uma só ave que não era normal. Águia é águia, voa às alturas e não come milho, como galinha. O amigo, então, lhe explicou. Encontrou essa ave ferida, na estrada e a trouxe para casa, criando-a junto às galinhas. Com a permissão do amigo, o naturalista levou a dita ave, a fim de fazer um teste: águia ou galinha?

Todos os dias treinava a ave, levantando-a ao ar e soltando. Ela caía. Não conseguia levantar vôo. O naturalista falava, incentivava: Voa alto, você é águia, não é galinha! Voa, voa mais alto. Você é águia, não é galinha. A cada palavra de estímulo soltava-a no ar. Ela caía, levantava, tornava a caiar. O naturalista não desistia, voa, voa, mais alto, voa. Já desanimado, quando menos esperava, a águia levantou vôo, voou bem alto, subiu, subiu e perdeu-se nas alturas sumiu. Está perto do sol.

Águia e águia, galinha é galinha. Uma alça vôo, rumo às alturas, a outra, no galinheiro, come milho nas mãos do dono.

Mudar ou morrer, eis a questão!

Todos nós somos águia ou galinha, dada às circunstâncias e os momentos em que vivemos. Todavia, devemos ser águia. Lutar para ser águia, voar alto, atingir metas, alcançar objetivos. Não se trata de ser ambicioso, vencer, simplesmente, vencer, ter sucesso, muito menos procurar sucesso, vitórias aparentes.

Trata-se, muito mais do ser que do ter. Mudar é agir diferente, é tornar-se outro ou outra, é sem perder as referências, esquecer o passado. É começar de novo. E recomeçar. Melhor, ainda, é nascer de novo, é renascer. Como disse o Mestre ao sábio judeu, ignorante das coisas do céu, Nicodemos: Para se atingir o Reino, é preciso nascer da água e do espírito. Na linguagem nossa, virar pelo avesso. Na linguagem da águia mudar o bico, mudar as garras, mudar as penas. Ser água de novo. Ser águia.

Normalmente, há dificuldade de mudança, há uma resistência muito grande em querer mudar. Há uma série de razões, como a preguiça, a indolência, a não perseverança, sendo a mais comum e natural, como se diz: ninguém quer sair da zona do conforto. Isso requer luta, sacrifício, renúncia.

Como se vê, no mundo em que vivemos tudo muda, de uma hora para outra. A ciência e a tecnologia avançam a passos largos. O telefone de ontem e o celular de hoje. A máquina datilográfica de ontem o computador de hoje; o telégrafo de ontem o face book de hoje e, ainda, se resiste a mudanças! Paradigmas de ontem, paradigmas de hoje. Amanhã, quem sabe? Ah! Urgem mudanças, já!

Condições temos para mudar. Meios a nossa disposição não faltam. A águia, dotada do seu instinto animal, sentiu-se frágil, recolheu-se à solidão, deu tempo ao tempo, e mudou. No tempo certo, voltou a ser a mesma águia; forte, ágil, de vôos altos e nobres.

Os  seres humanos, homens, mulheres, que estamos fazendo para mudar, sair do marasmo em que vivemos. Sem eira nem beira, sem norte nem sul, aguardando o estresse, depressão, a morte. Não a morte física, mas a morte metafísica. Os mortos vivos, sem horizontes, perdidos num mundo de tantas e tantas possibilidades. Tudo de novo e de bom estão as nossas mãos, estão pertinho de nós. Reza-nos a todos nós, sem exceção, reaprender a viver, acordar, mexer com a consciência e discernir, usando dos dons que o Espírito nos dotou e começar de novo, recomeçar, chutar o ontem, não avançar para o futuro, mas viver o presente, logo, aqui e agora. E o sol voltara a brilhar, os sonhos serão realidade, tudo em volta será bem diferente. Mudar, ser diferente, dos pés à cabeça, ser outro, ser outra.

Ouvimos, gostamos e gravamos. Uma escola iniciática em que a dinâmica da energia do psiquismo nos abre mil possibilidades de ser, de mudar, de perceber a totalidade em todos nós. A unidade que consiste em sermos Um com o outro, Todos somos Um, pouco importam a distância geográfica, as aparências, o desgastado status social.

Num curso especial de Psicologia, Lúcia Helena, filha nossa, psicóloga, nos mostrou o desenho de um triângulo explicativo, com o qual, concluiremos nosso escrito.



Na linha que se encontra na base, lê-se translação, a indicar um movimento de ida e vinda sem sair do lugar. Tudo igual, ontem, o mesmo sol, a mesma lua, sem brilho, sem luz. A estagnação, o mesmismo. O tédio, a indiferença, o desinteresse geral estão unidos contra nós.

A começar da direita, que se dirige ao vértice do dito triangulo, está escrito: transmutação. Transmutar, mais que mudar. Subir degraus de uma escada, sair do lugar, ir mais longe, ir além.

Não basta mudar, transmutar. Na linha à esquerda desse mesmo triângulo, lê-se, ainda: transformação, acrescido da palavra graças, palavra sagrada, que significa a Presença de Deus. O esforço humano sozinho, a luta, a própria perseverança, por si sós, jamais nos levarão a mudanças ou transformações. São imperiosas, necessárias as bênçãos e as bênçãos de Deus.

Mudar ou morrer!

Mudar. Transformar, viver, vida em plenitude, uns com os outros, cantando um Cântico Novo.

O triângulo fecha-se, completa-se o processo com as expressões sublimes: transcendência, o salto quântico.

Aqui, aí, o resultado, o milagre; Em vez da morte metafísica, a depressão, o estresse, a Vida, a Alegria, a Felicidade, E, renascidos, de mãos dadas com o mundo inteiro, podemos cantar:

“ciranda, cirandinha,

vamos todos cirandar...”



Wanda e Tatai



11.06..2012.

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