segunda-feira, 12 de abril de 2010

Se o grão de trigo não morrer...


Comentário de Wanda e Tatai


UM GRÃO DE TRIGO


Abílio Manoel de GUERRA JUNQUEIRO,
português de Freixo-de-Espada à Cinta,
1850 / 1923

O grão de trigo


Num grão de trigo habita
Alma infinita,
alma latente, incerta, obscura,
mas que geme, que ri, que canta e produz


Dêem-lhe terra e luz
E ei-lo que germina e cresce e produz


A humanidade é a seara imensa em chão de areia
que Deus escolhe e Deus semeia,
e cada homem quer o rei, quer o mendigo
é na seara de Deus UM GRÃO DE TRIGO!


- Para ler e refletir –

E comentar, se possível, em família.


Dentro do Espírito do texto, na realidade de hoje.


• Diga a si mesmo ou a si mesma o que entendeu do texto de Guerra Junqueira.

A Vida é um mistério. Só Deus sabe desvendá-lo, por maiores que sejam as explicações que dêem os sábios e entendidos. (A história da flor de Lótus, a flor sagrada).

Como Deus atua: A concentração do ovinho produz a expansão da larva. E na meditativa passividade da crisálida nasce a exultante atividade da borboleta.

Morrer para viver. Morrer voluntariamente, para viver gloriosamente. Disse Jesus Cristo:
- “Se o grão de trigo não morrer ficará estéril
- mas se morrer, produzirá fruto” (Jo 12,24).

São Paulo ratifica:

“Eu morro todos os dias, e é por isso que eu vivo – mas
não sou eu que vivo é o Cristo que vive em mim” (Rom 7, 17)

Que coisa pode ser mais difícil para alguém que imaginar que já morreu?

Quando se tem essa certeza, quando se sente empolgado por ela, o que lhe têm ainda a tirar ou colocar? Resta, aí sim, uma força tranquila, uma serenidade inexplicável, uma interioridade profunda que se avizinha do Infinito.

É como a chama vertical de uma vela, num ambiente sem vento. Esta chama pergunta à vida e à morte: - Que quereis de mim, este corpo? – está morto!

Este ego? Dissolveu-se na ilusão, era uma imagem!

- A idéia central não é a morte física, a morte que, ainda, assombra a todos. Trata-se da morte do ego humano, a morte que nos agonia em vida. Morrer voluntariamente para a vida exterior, procurar viver no mundo sem ser do mundo. Morrer para as preferências, para os desejos, para a ansiedade, para a angústia, para o medo.

- Os iluminados como Francisco de Assis, Irmã Dulce, Madre Tereza de Calcutá, os Santos, os Santos das Favelas, os Injustiçados já morreram voluntariamente. Vivem ou viveram gloriosamente. Nada têm a perder! Eles nada possuem para perder. Já morreram para a tirania da imagem, já morreram para o fazer, para o Ter e o parecer.

Eles são o que são apenas. Eles são o que são à semelhança do Filho do Homem diante das autoridades romanas ao perguntarem seu nome: “Eu sou Aquele que sou”. Nada mais a acrescentar. Tudo o mais em seu derredor está morto. Só resta a essência do “Eu sou”. Tudo o mais é acidente. Não nos faz falta.

- Não. Não tenha receio. Nada receie e não tema em morrer voluntariamente. Você terá mais vida assim, morrendo para as coisas e vivendo para Deus.


- O homem que não morre voluntariamente, ficará estéril; não produzirá frutos, como o trigo que não morreu também não chegará a ser pão.

Pão que alimenta que mata a fome. O homem que morre voluntariamente para “este mundo” é aquele que não faz questão das coisas que se medem, que se pesam ou que se contam. As coisas quantificáveis! Antes eles cuidam da essência das coisas, da sua interioridade e sacralidade. Os valores como a bondade, a transpar6encia, a partilha, a justiça, a humildade, a solidariedade, a intuição; as coisas do céu, as coisas de Deus.

O Homem sensato, o homem que intui e faz a vontade do Pai não está proibido de usar e gozar dos bens que a técnica e a ciência criaram. Não! Não é pecado ser rico, ter carro, viver bem com aquilo que conseguiu, graças ao esforço e trabalho pessoal de cada um. Condena-se, isso sim, o apego, a usura, a indisponibilidade, o egoísmo, enfim, a transformação dos bens em ídolos. Santo automóvel. Santa fazenda. Santa empresa.

- A serenidade receptiva do homem assim transformado faz eco em todas as coisas a sua volta. Na sua passividade dinâmica, ele age, transforma todas as coisas. O seu Eu divino ilumina o ambiente onde vive e, por onde passa, deixa sua chama de ternura e de amor.

Lido e refletido texto:

1. Qual a opinião sobre o texto lido e comentado, agora?

2. Têm algum exemplo em concreto a dar?

3. Por fim, explique a palavra de Deus, na Bíblia (acima).


Ficaremos felizes com seu comentário sobre o assunto e o texto de Guerra Junqueiro e a morte voluntária.

Wanda e Tatai


1998.

23.09.2009.

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