Personagem em foco
Sem
qualquer intuito comercial, começaremos com a “Casa das Tintas”, colhendo
cores, a fim de retratar nosso personagem.
Ponhamos
como fundo, o branco, vez que o cidadão em homenageado é de paz, calmo,
paciente em tudo o que realiza, seja em sua vida privada ou sua vida pública.
Por
cima do branco, ponhamos o azul. Desde o tempo em que o conhecemos, menino,
ainda, sempre vimos e como acompanhamos os passos firmes e decididos do ser
humano, posto em
destaque. Sempre soube ser menino, ser jovem até atingir o
homem de bem que todos conhecemos hoje.
Para
encerrar as tintas, iremos tratá-lo com o verde, sinal de esperança, fé,
confiança no porvir. Aplicado, no caminho de quem quer ser gente, nada de
queixas ou lamúrias. Trabalho, trabalhar de bem com a vida são os elementos da
vida do nosso homenageado.
Acrescentando,
ainda, alguma coisa, sem intuito comercial, repetimos. A “Folhinha” de sua
firma apregoa: “Qualidade e Honestidade”.
Esses
termos por fim caracterizam a vida do cidadão posto em foco:
Vilazito Pascoal de Jesus
Nosso
homenageado tem uma história de vida digna de ser contada. Não nasceu em berço
esplêndido nem foi agraciado por loteria esportiva. Tudo o que possui foi
conseguido desde pequeno com muito esforço e trabalho. O ser que é, bom por
natureza é dom de Deus e reconhecido por toda a Comunidade.
Sua
história é tão real, tão bonita e digna de ser imitada que só contada por ele
mesmo. Com muito carinho leiam e tirem suas conclusões. Ele começa assim:
Tomo a liberdade de
expor pontos importantes da minha vida.
Cheguei em Ipiaú, em
1948, com minha mãe Sra. Rufina Maria de Jesus e minha irmã Alice. Viemos de
uma propriedade que fica perto da “Fazenda Lagoa do Morro”, Município de
Brejões que pertencia ao Sr. Durval pai de Antonio, conhecido em Ipiaú como
Antonio do Continental.
Tinha, nessa época 7
anos, viemos na carroceria de um caminhão, e aqui chegamos mais ou menos às 18
horas nas imediações da Rua Alfredo Brito, onde se inicia a Rua Siqueira Campos como até
hoje.
Já tínhamos o
endereço de minha irmã Cecília, que morava em Ipiaú como cozinheira do Sr.
Wilson Menezes. Aqui, fomos acolhidos pela minha irmã, com o apoio de D. Djair
e seu esposo Sr. Wilson. Passados uns 02 dias, minha mãe foi trabalhar na fazenda
do Sr. Elpídio, na casa do Sr. Adeodato Pinheiro; eu fui morar com D. Zizi Andrade
esposa do Sr. Vadinho Andrade, pessoas que também foram importantes na minha
vida.
Depois de uns 2 anos
com D. Zizi, fui morar com minha mãe na Fazenda do Sr. Elpídio que foi o maior
passo que dei, pois D. Raquel Pinheiro, praticamente, me adotou como filho, não me dando coisas e sim
me pondo a trabalhar. Carregava água no jegue, do Rio da Água Branca até a casa
de D. Raquel que dava mais ou menos 1 km . Como não tinha idade para pegar carote,
tocava o jegue até o meio do rio. Para facilitar o peso, que completo dava
uns 10 litros de água, completava com de litro em litro, de
acordo com minhas forças. Ao chegar em casa, para descarregar fazia mais ou menos
o mesmo processo. Tirava de litro em litro a água do carote, até torná-lo mais
leve, e quando o mesmo estava com pouca água eu carregava para o tanque.
Acordava cedo, pegava
o burro ou cavalo, botava a cela e ia na garupa levando o Sr. Adeodato para a
fazenda no Emburrado.
Mudamos para a cidade. O tempo foi passando e minha mãe pediu a D.
Raquel que me colocasse na escola, pois ela, não tinha nenhum filho que
soubesse ler. O trabalho de minha mãe e o meu, foram compensados com os meus
estudos na escola, com isso comecei a estudar a cartilha porque o abc eu já
sabia, aprendi nas horas vagas.
Fui estudar na Escola
Professora Celestina Bittencourt, à noite, e graças ao nosso bom Deus, consegui
galgar boas colocações. Depois de um certo tempo, D. Raquel, que eu chamava mãe
branca, resolveu me colocar para estudar pela manhã. Eu acordava às 4 horas da manhã,
ia para a fazenda citada acima.
Colocava no meu bolso
2 bananas da prata e um pouco de tapioca, pegava o burro “Dourado”, colocava o
leite tirado e voltava vendendo o mesmo.
Nessas idas e vindas, como naquele tempo chovia, por várias vezes, cansei de
subir em jaqueiras, a fim de passar a fome. Quando não achava jaca madura,
tirava a verde e comia assim mesmo, sem nenhuma faca no bolso, então batia a
jaca na ponta de um toco de ponta fina e comia, isso ocorria não por falta de
comida onde eu trabalhava e sim pelas intempéries naquela época. Muita chuva,
pegar animal, etc.
Em chegando a Ipiaú,
mais ou menos 8 a
9 horas do dia, prestava contas a D. Raquel do leite vendido, vestia uma roupa
melhorzinha e ia para a escola. Lembro-me, quando chegava, os colegas e
perguntavam a professora : “a Senhora vai deixar Vilazito entrar uma hora
dessa?” Respondia a professora : “o que ele fez hoje, vocês não fariam em 30
dias.”
Tive nessa Escola
como professoras, as Terezinhas, uma esposa do Sr. Zeca e a outra esposa do
irmão da Farmácia, que mora até hoje perto do Fórum, ainda a professora
Guiomar, esposa do Sr. David do Correio.
Pela divina ajuda de
Deus, ocorriam perguntas na aula às quais eu respondia, quase sempre, antes dos
meus colegas.
Carregando água,
vendendo leite, para as famílias Pinheiro e Andrade, pois vendo o dia a dia
deles, aprendi o caminho da vida.
Fiz exame de admissão
ao Ginásio sendo aprovado com boas notas. Tive a satisfação em ajudar a 4
filhos dessa família a fim de passarem nos referidos exames. Em vista dessa
ajuda recebi como prêmio um presente, presente esse que dei a minha esposa.
Dois animais foram
meus animais de trabalho, foram meus parceiros na luta árdua, o burro “Dourado”
e o Jegue “Cosquento”.
Após o exame de admissão fiz o curso ginasial, a noite, tendo
como colegas, alguns dos quais me lembro, Professora Wanda, esposa
do nosso professor Tatai, Etevaldo Cardoso, Zezito da padaria, Levy Sacramento e tantos outros. Naquela
época a Rua Borges de Barros até o Ginásio de Rio Novo não
tinha calçamento e luz elétrica, só até às 9 horas
da noite, o que fazia, que estudássemos como aladim e às vezes com velas, fora
a chuva e muita lama. Para conseguirmos vencer sempre tivemos o apoio no professor Tatai para não desistirmos nesta
época, Da D. Raquel, aquela pessoa que Deus botou em minha vida, me colocou
para trabalhar com o senhor Armando Santos no bar, no Rio Novo Tênis Club a fim de ver eu deixar de botar água, eu chegava do Ginásio às 09 ou 10:00 horas
da noite ainda ia trabalhar um pouco no
bar, e geralmente trabalhava até às 11 horas da noite, sempre tive apoio do Sr. Armando e família, no bar de Sr. Armando eu fazia de
tudo; varrer, lavar, vender bebida, etc.
Um belo dia, cheguei no Ginásio às 9 horas quando encontrei Sr. Odilon Costa,
dono das Lojas 3 Irmãos, Sr. Protógenes Jaqueira um poeta chamado Pimenta todos
tomando whisky, ao passar por eles com
os livros debaixo do braço, o Sr. Odilon
perguntou para mim: “Deixa eu ver estes livros, Vilazito.” Vendo ele um livro
de francês em minhas mãos, ele indagou: “Você sabe o que está escrito aqui?” e eu
respondi que sabia, ele duvidou e pediu ao poeta Pimenta que me fizesse algumas
perguntas do livro e respondi tudo em francês, então Sr. Odilon ficou admirado
das minhas respostas. Nesse momento Sr. Odilon pediu permissão ao Sr. Armando
para eu trabalhar com ele, o que Sr. Armando concordou, consultada Da. Raquel
ela concordou também que eu fosse trabalhar com Sr. Odilon.”
Nossa vida para mim, chegando à
Loja 3 irmãos fui encarregado de tomar conta de uma banca. Aprendi muitos com
os colegas citados e com Sr. Odilon Costa e Maria, sua cunhada. Com 6 meses de
trabalho, Sr. Odilon reuniu todos funcionários às 6 horas da tarde e com
surpresa fui promovido ao cargo de funcionário, igual os demais, o que me
deixou maravilhado. 5 meses depois Sr. Odilon me encarregou de novo trabalho:
tomar conta das escritas da loja.
Sr. Jose Wilson era funcionário do
Banco da Bahia, cujo gerente era o Sr. Godinho, então minha mãe pediu ao Sr.
Jose para falar com o gerente e me conseguir um lugar de contínuo no referido
banco. Após o pedido de minha mãe, indo fazer um depósito no banco, fui
surpreendido por Vanda, caixa do banco naquela época, que me disse que eu iria
trabalhar como continuo nesse mesmo banco. Precisamente no dia 30.11.60 comecei
a trabalhar no Banco da Bahia nesta cidade e a fazer todos os trabalhos que um
contínuo. Com menos de 1 ano passei a ser auxiliar de cobrança e, logo depois
chefe de cobrança, em seguida ao chegar na agência o inspetor Beberô se impressionou
comigo e me transferiu como contador para a cidade de Miguel Calmon - Bahia. Ao
assumir encontrei a agência com algumas irregularidades fez com que pedisse uma
inspeção o que culminou com a transferência do gerente depois de pouco tempo o
banco me premiou outra vez me colocando como gerente o que fiquei por 4 anos
nesta cidade. Fui transferido para Irecê, agência bem maior, lá consegui a
façanha, de todo sábado e domingo sair vendendo seguros na região, que muito
grande para melhorar a renda da família, pois pagava aluguel e tinha 5 pessoas na
família.
Para minha
surpresa com menos
de 1 ano que estava vendendo seguros,
o Presidente do Banco Sr. Amador Aguiar, quis me conhecer, pois eu tinha
superado a sucursal dele de São Paulo e do Rio
de Janeiro, o que me deixou muito alegre e contente ao chegar a ele, o mesmo me
recebeu muito bem e me perguntou como foi que eu em uma agencia, no sertão
baiano, ganhei das sucursal dele e eu respondi
que quando entrei no Bradesco tinha uma frase que dizia: Só o trabalho produz riquezas, e que era
dele. Ele ficou mais satisfeito e mandou um cicerone me mostrar São Paulo por 3
dias, aí eu pedi a ele que precisava de uma Fundação
Bradesco, obra esta que foi inaugurada 5
anos depois. Nasci em Amargosa porém sou filho de Ipiaú esta terra que tem me
dado de tudo .
Vilazito Pascoal de
Jesus.
O nosso homenageado tem no seu
currículo:
Curso ginasial – Ginásio Rio Novo – 1961
Técnico de contabilidade – Miguel Calmon-Ba
Exerceu a função de gerente do Banco Bradesco nas
cidades de Miguel Calmon, Irecê, Ibirataia, Medeiros Neto, Ipiaú, Itamaraju e
Vitória da Conquista, sendo bem sucedido nessas localidades.
Ótimo esposo, pai de família, estimado por toda
comunidade pelo seu comportamento. Casado com a Sra. Maria Stela, tem 3 filhos:
Rita de Cássia, pedagoga; Rosângela, formada em Letras, com Curso de Mestrado;
Vilazito Pascoal Júnior, engenheiro eletricista com ênfase em telecomunicações.
Eis como crescem e se desenvolvem as pessoas que querem ser gente na vida.
Com esforço e muita luta é que se consegue chegar a atingir às metas da vida
sendo feliz na família e na comunidade. Foi assim que o nosso personagem
Vilazito Pascoal de Jesus conseguiu ser o que é: homem de bem, feliz com a
vida. Que Deus o abençoe, e aos seus familiares.
Wanda e Tatai
26.06.2012