quinta-feira, 28 de junho de 2012

Personagem em foco -Vilazito Pascoal de Jesus


Personagem em foco




 Sem qualquer intuito comercial, começaremos com a “Casa das Tintas”, colhendo cores, a fim de retratar nosso personagem.

Ponhamos como fundo, o branco, vez que o cidadão em homenageado é de paz, calmo, paciente em tudo o que realiza, seja em sua vida privada ou sua vida pública.

Por cima do branco, ponhamos o azul. Desde o tempo em que o conhecemos, menino, ainda, sempre vimos e como acompanhamos os passos firmes e decididos do ser humano, posto em destaque. Sempre soube ser menino, ser jovem até atingir o homem de bem que todos conhecemos hoje.

Para encerrar as tintas, iremos tratá-lo com o verde, sinal de esperança, fé, confiança no porvir. Aplicado, no caminho de quem quer ser gente, nada de queixas ou lamúrias. Trabalho, trabalhar de bem com a vida são os elementos da vida do nosso homenageado.

Acrescentando, ainda, alguma coisa, sem intuito comercial, repetimos. A “Folhinha” de sua firma apregoa: “Qualidade e Honestidade”.

Esses termos por fim caracterizam a vida do cidadão posto em foco:

Vilazito Pascoal de Jesus

Nosso homenageado tem uma história de vida digna de ser contada. Não nasceu em berço esplêndido nem foi agraciado por loteria esportiva. Tudo o que possui foi conseguido desde pequeno com muito esforço e trabalho. O ser que é, bom por natureza é dom de Deus e reconhecido por toda a Comunidade.

Sua história é tão real, tão bonita e digna de ser imitada que só contada por ele mesmo. Com muito carinho leiam e tirem suas conclusões. Ele começa assim:

Tomo a liberdade de expor pontos importantes da minha vida.
Cheguei em Ipiaú, em 1948, com minha mãe Sra. Rufina Maria de Jesus e minha irmã Alice. Viemos de uma propriedade que fica perto da “Fazenda Lagoa do Morro”, Município de Brejões que pertencia ao Sr. Durval pai de Antonio, conhecido em Ipiaú como Antonio do Continental.

Tinha, nessa época 7 anos, viemos na carroceria de um caminhão, e aqui chegamos mais ou menos às 18 horas nas imediações da Rua Alfredo Brito,  onde se inicia a Rua Siqueira Campos como até hoje.
Já tínhamos o endereço de minha irmã Cecília, que morava em Ipiaú como cozinheira do Sr. Wilson Menezes. Aqui, fomos acolhidos pela minha irmã, com o apoio de D. Djair e seu esposo Sr. Wilson. Passados uns 02 dias, minha mãe foi trabalhar na fazenda do Sr. Elpídio, na casa do Sr. Adeodato Pinheiro; eu fui morar com D. Zizi Andrade esposa do Sr. Vadinho Andrade, pessoas que também foram importantes na minha vida.

Depois de uns 2 anos com D. Zizi, fui morar com minha mãe na Fazenda do Sr. Elpídio que foi o maior passo que dei, pois D. Raquel Pinheiro, praticamente, me adotou como filho, não me dando coisas e sim me pondo a trabalhar. Carregava água no jegue, do Rio da Água Branca até a casa de D. Raquel que dava mais ou menos 1 km. Como não tinha idade para pegar carote, tocava o jegue até o meio do rio. Para facilitar o peso, que completo dava uns  10 litros de água, completava com de litro em litro, de acordo com minhas forças. Ao chegar em casa, para descarregar fazia mais ou menos o mesmo processo. Tirava de litro em litro a água do carote, até torná-lo mais leve, e quando o mesmo estava com pouca água eu carregava para o tanque.

Acordava cedo, pegava o burro ou cavalo, botava a cela e ia na garupa levando o Sr. Adeodato para a fazenda no Emburrado.

Mudamos para a cidade.  O tempo foi passando e minha mãe pediu a D. Raquel que me colocasse na escola, pois ela, não tinha nenhum filho que soubesse ler. O trabalho de minha mãe e o meu, foram compensados com os meus estudos na escola, com isso comecei a estudar a cartilha porque o abc eu já sabia, aprendi nas horas vagas.

Fui estudar na Escola Professora Celestina Bittencourt, à noite, e graças ao nosso bom Deus, consegui galgar boas colocações. Depois de um certo tempo, D. Raquel, que eu chamava mãe branca, resolveu me colocar para estudar pela manhã. Eu acordava às 4 horas da manhã, ia para a fazenda citada acima.

Colocava no meu bolso 2 bananas da prata e um pouco de tapioca, pegava o burro “Dourado”, colocava o leite tirado e voltava vendendo  o mesmo. Nessas idas e vindas, como naquele tempo chovia, por várias vezes, cansei de subir em jaqueiras, a fim de passar a fome. Quando não achava jaca madura, tirava a verde e comia assim mesmo, sem nenhuma faca no bolso, então batia a jaca na ponta de um toco de ponta fina e comia, isso ocorria não por falta de comida onde eu trabalhava e sim pelas intempéries naquela época. Muita chuva, pegar animal, etc.

Em chegando a Ipiaú, mais ou menos 8 a 9 horas do dia, prestava contas a D. Raquel do leite vendido, vestia uma roupa melhorzinha e ia para a escola. Lembro-me, quando chegava, os colegas e perguntavam a professora : “a Senhora vai deixar Vilazito entrar uma hora dessa?” Respondia a professora : “o que ele fez hoje, vocês não fariam em 30 dias.”

Tive nessa Escola como professoras, as Terezinhas, uma esposa do Sr. Zeca e a outra esposa do irmão da Farmácia, que mora até hoje perto do Fórum, ainda a professora Guiomar, esposa do Sr. David do Correio.

Pela divina ajuda de Deus, ocorriam perguntas na aula às quais eu respondia, quase sempre, antes dos meus colegas.
Carregando água, vendendo leite, para as famílias Pinheiro e Andrade, pois vendo o dia a dia deles, aprendi o caminho da vida.

Fiz exame de admissão ao Ginásio sendo aprovado com boas notas. Tive a satisfação em ajudar a 4 filhos dessa família a fim de passarem nos referidos exames. Em vista dessa ajuda recebi como prêmio um presente, presente esse que dei a minha esposa.

Dois animais foram meus animais de trabalho, foram meus parceiros na luta árdua, o burro “Dourado” e o Jegue “Cosquento”.
Após o exame de admissão fiz o curso ginasial, a noite, tendo como colegas, alguns dos quais me lembro, Professora Wanda,  esposa do nosso professor Tatai, Etevaldo Cardoso, Zezito da padaria,  Levy Sacramento e tantos outros. Naquela época a Rua Borges de Barros até o Ginásio de Rio Novo não tinha calçamento e luz elétrica, só até às 9 horas da noite, o que fazia, que estudássemos como aladim e às vezes com velas, fora a chuva e muita lama. Para conseguirmos vencer sempre tivemos o apoio no professor Tatai para não desistirmos nesta época, Da D. Raquel, aquela pessoa que Deus botou em minha vida, me colocou para  trabalhar  com o senhor Armando Santos no bar, no Rio Novo Tênis Club a fim de ver eu deixar  de botar água, eu chegava do Ginásio às 09 ou 10:00 horas da noite ainda  ia trabalhar um pouco no bar, e geralmente trabalhava até às 11 horas da noite,  sempre tive apoio do Sr. Armando e família, no bar de Sr. Armando eu fazia de tudo; varrer, lavar, vender bebida, etc.  Um belo dia, cheguei no Ginásio às  9 horas quando encontrei Sr. Odilon Costa, dono das Lojas 3 Irmãos, Sr. Protógenes Jaqueira um poeta chamado Pimenta todos tomando whisky, ao passar por eles com os livros  debaixo do braço, o Sr. Odilon perguntou para mim: “Deixa eu ver estes livros, Vilazito.” Vendo ele um livro de francês em minhas mãos, ele indagou: “Você sabe o que está escrito aqui?” e eu respondi que sabia, ele duvidou e pediu ao poeta Pimenta que me fizesse algumas perguntas do livro e respondi tudo em francês, então Sr. Odilon ficou admirado das minhas respostas. Nesse momento Sr. Odilon pediu permissão ao Sr. Armando para eu trabalhar com ele, o que Sr. Armando concordou, consultada Da. Raquel ela concordou também que eu fosse trabalhar com Sr. Odilon.”

Nossa vida para mim, chegando à Loja 3 irmãos fui encarregado de tomar conta de uma banca. Aprendi muitos com os colegas citados e com Sr. Odilon Costa e Maria, sua cunhada. Com 6 meses de trabalho, Sr. Odilon reuniu todos funcionários às 6 horas da tarde e com surpresa fui promovido ao cargo de funcionário, igual os demais, o que me deixou maravilhado. 5 meses depois Sr. Odilon me encarregou de novo trabalho: tomar conta das escritas da loja.

Sr. Jose Wilson era funcionário do Banco da Bahia, cujo gerente era o Sr. Godinho, então minha mãe pediu ao Sr. Jose para falar com o gerente e me conseguir um lugar de contínuo no referido banco. Após o pedido de minha mãe, indo fazer um depósito no banco, fui surpreendido por Vanda, caixa do banco naquela época, que me disse que eu iria trabalhar como continuo nesse mesmo banco. Precisamente no dia 30.11.60 comecei a trabalhar no Banco da Bahia nesta cidade e a fazer todos os trabalhos que um contínuo. Com menos de 1 ano passei a ser auxiliar de cobrança e, logo depois chefe de cobrança, em seguida ao chegar na agência o inspetor Beberô se impressionou comigo e me transferiu como contador para a cidade de Miguel Calmon - Bahia. Ao assumir encontrei a agência com algumas irregularidades fez com que pedisse uma inspeção o que culminou com a transferência do gerente depois de pouco tempo o banco me premiou outra vez me colocando como gerente o que fiquei por 4 anos nesta cidade. Fui transferido para Irecê, agência bem maior, lá consegui a façanha, de todo sábado e domingo sair vendendo seguros na região, que muito grande para melhorar a renda da família, pois pagava aluguel e tinha 5 pessoas na família.

Para minha surpresa com menos de 1 ano que estava vendendo seguros, o Presidente do Banco Sr. Amador Aguiar, quis me conhecer, pois eu tinha superado a sucursal dele de São Paulo e do Rio de Janeiro, o que me deixou muito alegre e contente ao chegar a ele, o mesmo me recebeu muito bem e me perguntou como foi que eu em uma agencia, no sertão baiano, ganhei das sucursal dele e eu respondi que quando entrei no Bradesco tinha uma frase que dizia:  Só o trabalho produz riquezas, e que era dele. Ele ficou mais satisfeito e mandou um cicerone me mostrar São Paulo por 3 dias,  aí eu pedi a ele que precisava de uma Fundação Bradesco, obra esta que foi  inaugurada 5 anos depois. Nasci em Amargosa porém sou filho de Ipiaú esta terra que tem me dado de tudo .

Vilazito Pascoal de Jesus.

 O nosso homenageado tem no seu currículo:
Curso ginasial – Ginásio Rio Novo – 1961
Técnico de contabilidade – Miguel Calmon-Ba
Exerceu a função de gerente do Banco Bradesco nas cidades de Miguel Calmon, Irecê, Ibirataia, Medeiros Neto, Ipiaú, Itamaraju e Vitória da Conquista, sendo bem sucedido nessas localidades.
   
Ótimo esposo, pai de família, estimado por toda comunidade pelo seu comportamento. Casado com a Sra. Maria Stela, tem 3 filhos: Rita de Cássia, pedagoga; Rosângela, formada em Letras, com Curso de Mestrado; Vilazito Pascoal Júnior, engenheiro eletricista com ênfase em telecomunicações.

Eis como crescem e se desenvolvem as pessoas que querem ser gente na vida. Com esforço e muita luta é que se consegue chegar a atingir às metas da vida sendo feliz na família e na comunidade. Foi assim que o nosso personagem Vilazito Pascoal de Jesus conseguiu ser o que é: homem de bem, feliz com a vida. Que Deus o abençoe, e aos seus familiares.

Wanda e Tatai

26.06.2012

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