Belo comentário.
Com a devida permissão do Autor.
Companheiros, o tempo passou, os conceitos mudaram, alguns costumes se foram, outros, permaneceram intactos. A natureza está mais bem cuidada, outras vezes, mais agredida. Tudo isso se encaminha para uma reflexão: falta zelo pelo meio ambiente humano.
Ao abrir a página de “Noticias de Ipiaú”, deparei-me com uma informação escrita por um ipiauense, preocupado com a vida e o destino do quarentão - edifício Santa Paula, que permanece de pé, silencioso e uma história para contar.
Para que ocorresse a construção desse prédio houve muitos debates. Primeiro não seria um investimento destinado para moradias. Ali seria edificado o “Hotel Jaçanã”, com todas as pompas para prover de boa acomodação quem viesse à cidade de Ipiaú, durante os eventos famosos que aqui ocorrem, a exemplo: os festejos do padroeiro São Roque, as exposições agropecuárias, a festa regional do cacau, a festa da acácia e outras do nosso calendário festivo que não mais existem. Todavia, esta pretensão não se consolidou, mesmo que as pessoas que o idealizou tenha tido uma visão positiva para o empreendedorismo daquela época! Parabéns aos lançadores da idéia.
Surgiu outra discussão para o tema. O que construir no terreno ocupado, de um lado pelos ferradores de eqüídeos (prendedores de uma espécie de sola metálica nos cascos dos animais) e do outro, o polêmico restaurante do Ulisses, o ponto da moqueca de pitu, iguaria preparada com a lagosta de água doce e receita do proprietário, conhecida de muita gente de várias regiões do Brasil. Enfim, apareceu uma nova proposta para a ocupação da área: construir-se um edifício de apartamentos para moradias, projetado para dez andares, fato que se tornou realidade. Ocorrera toda a tramitação burocrática de praxe, até a obra ser executada pela construtora “Santa Paula”, da cidade de Itabuna – Bahia, que deu nome ao edifício. Há notícias de que o dinheiro acabou, ninguém sabe o porquê; talvez erro de planejamento. Existem informações de que a firma foi à falência e tudo ficou como está até hoje. Sabe-se que todo material a ser aplicado, ficara armazenado em apartamentos do prédio.
Após todo este relato chega-se a uma conclusão, aquilo que muita gente pergunta: por que Ipiaú com uma construção de dez andares para moradia, naquela época? Talvez tenha sido a exibição, uma forma de submeter esta cidade simples a uma condição que demonstraria o desenvolvimento. A presença do dinheiro, promovendo o crescimento vertical.
Àquela época, talvez pouca gente entendesse de impactos ecológicos, desenvolvimento sustentável, as regras para se habitar bem, preocupação com a natureza, e tantos outros conceitos modernos, relacionados ao homem e a natureza, no que se refere ao conceito de saúde, emitido pela OMS (1947), preocupada com o homem em sociedade. Foram a suntuosidade, a produção de cacau e o preço da arroba deste produto os principais itens reguladores para execução do imponente empreendimento realizado nesta cidade há quatro décadas. Vale entender que hoje, ainda não estamos aptos à execução de uma obra dessa magnitude. Há muitos hectares de terra no entorno de nossa cidade para expandi-la e inclusive há edificação de condomínios fechados e outros tipos de construções para se morar confortavelmente.
Talvez, até o final do século, deva se efetivar o crescer para cima. Daqui até lá, com certeza, serão revistos os conceitos a respeito de arranha-céus e uma nova proposta de desenvolvimento será viável para a cidade de Ipiaú que bem ou mal administrada é amada por todos nós.
29.10.2010.
Raymundo Santos
é médico veterinário
funcionário público federal.
Ipiaú – BA 01.10.2010
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