sábado, 14 de fevereiro de 2009

Maturidade política - Reflexão sobre o momento atual




Maturidade política


Edvaldo Santiago


O mesmo que Madureza. Idade madura, prudência, siso, firmeza.

Equilíbrio bio-psico-social do individuo, do cidadão, em todos os momentos de sua vida. Seja mandando, seja mandado, é necessário de todos nós a maturidade no agir, no comportar-se, sobretudo no sentido de Ser.

Modesta reflexão no momento político em que estamos atravessando em todo o país.

Eleição e posse de prefeitos e vereadores. Princípio de gestão, começo de trabalho executivo e legislativo.

Primeiro pensamento, primeira meta, necessário e urgentíssimo objetivo: servir o povo, o povão, a começar pela classe humilde.

Política é a arte de administrar, de gerir o bem público. Cuidar, ciosamente, da fazenda pública, dinheiro do povo. Cuidar, tratar com zelo o povo, priorizando os menos favorecidos, carentes de atenção.

A campanha já passou. Valeu tudo, de tudo se serviram os candidatos. Propaganda, carros-de-som, carreatas, mini-comícios, criticas chistosas, discursos, as costumeiras promessas de campanha. Foram ouvidas, no entanto, nunca aceitas as ofensas pessoais. Imaturidade!

O Brasil inteiro cantou e dançou seus candidatos, suas candidatas. Linda festa da democracia! Partidos políticos digladiavam-se, medindo tempo, ocupando espaços, no intuito de persuadir seus eleitores.

E o mais bonito, o mais elogiável: a alegria e o entusiasmo dos eleitores, eles são capazes de tudo. Dos gritos, das vaias, se necessário dos tapas e beijos pelo partido, pelo candidato da sua preferência.

Nos nossos trinta e três anos de vereador, já vimos e participamos de todo esse processo de eleição. É, simplesmente maravilhoso, guardando, no entanto, o devido respeito à dignidade de cada um.

Eleitos prefeitos e vereadores, nova fase da política. Encerraram-se as campanhas, foram-se os discursos e as promessas. De lado, esquecidos mesmo os ressentimentos e as mágoas. Nada de ódio e rancores pessoais.
Já o dissemos e repetimos, dezenas de vezes: adversários políticos não significam inimigos políticos. A rigor, não se deve ter inimigos!

Inimizade, rancores, vingança são termos antiquados e incivilizados, estejam onde estiverem tais termos. O mundo pertence a todos e somos nós meros passageiros por aqui. Consultemos a história e vejamos quantos “heróis” e “donos do mundo” já se foram e já ninguém mais se lembra deles.

Ensarilhem-se as armas! Desçam dos palanques! Cessem as discussões, já desnecessárias! Parem com as brigas, ainda existentes!

O povo precisa do Senhor, Prefeito. O povo precisa dos Senhores, Vereadores. Por favor, escutem o clamor dos mais pobres; sem teto, sem o que comer, sem o que vestir.

Por favor, saiam dos palanques, saiam de suas cadeiras e dêem uma volta pela periferia, pelos bairros e vejam quanta coisa estão necessitando. Visitem,, entrem em algumas casas, em alguns casebres e vejam e sintam como se arrumam, aonde comem e aonde dormem nossos conterrâneos, também filhos de Deus.

Já não impressionam à população os discursos vazios, ofensivos e maldosos de A contra B, de B contra A. Os aplausos e as vaias nem sempre representam a voz do povo.

Precisamos, isso sim, de união, compreensão e trabalho dos eleitos, com novos projetos em benefício da comunidade. Chega de discurso vazio e inócuo.

A democracia se nutre do entendimento, do respeito e harmonia entre os três poderes da república: executivo, legislativo e judiciário. Os eleitos são representantes, periodicamente, desses três poderes. Têm compromisso com o povo.

Então, seria bom, exemplar e de bom alvitre que os dirigentes da Câmara e da Prefeitura se esquecessem das querelas que passaram e se reunissem, a fim de traçarem planos e diretrizes em benefício da comunidade. Demonstrarão


equilíbrio, prudência, mudança de mentalidade


e darão exemplos aqui e alhures. Mormente, Ipiaú que sempre foi e é Município Modelo!

Lá nos Estados Unidos, o Presidente Obama e seu adversário McCain reuniram-se, confessando este que continuavam as divergências com o Presidente eleito. Todavia, como cidadão americano quer e espera o êxito do seu oponente. Democrata e coerente com seu país, sua comunidade.

Maturidade política!

Cabe-nos, hoje, mais do que nunca, apoiar os novos eleitos – prefeito e vereadores – torcendo e pedindo a Deus que os ilumine em sua administração..

16.02.2009


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Evangelho - 6º Domingo do Tempo Comum - Cura do leproso

DIOCESE DE ILHÉUS - PARÓQUIA DE SÃO ROQUE
IPIAÚ – BAHIA

Dia dos Dias


· 6º Domingo do Tempo Comum



Edvaldo Santiago



Ano B – Marcos



15 de fevereiro de 2009

Antes de ler o Evangelho de hoje, pare, pelo menos, um minuto, e reflita bem. Como passou a semana, em casa e no trabalho. Como tem sido sua convivência com a esposa, com os filhos, de modo geral, com todos (as) que o (a) rodeiam.

· Oração do Dia


Senhor Jesus, fazei-nos crer, aumentai a nossa fé,assim como fez o leproso, pedindo-Lhe cura. Precisamos reavivar nossa fé e ter a certeza de que o Filho de Deus é sempre o Caminho, a Verdade,Vida.

· Leituras para comentário e reflexão:

- 1ª Leitura – Levítico 13, 1 - 2. 44 - 48

1 Falou mais o Senhor a Moisés e a Arão, dizendo:

2 Quando um homem tiver na pele da sua carne inchação, ou pústula, ou mancha lustrosa, e esta se tornar na sua pele como praga de lepra, então será levado a Arão o sacerdote, ou a um de seus filhos, os sacerdotes,
44 leproso é aquele homem, é imundo; o sacerdote certamente o declarará imundo; na sua cabeça está a praga.
45 Também as vestes do leproso, em quem está a praga, serão rasgadas; ele ficará com a cabeça descoberta e de cabelo solto, mas cobrirá o bigode, e clamará: Imundo, imundo.
46 Por todos os dias em que a praga estiver nele, será imundo; imundo é; habitará só; a sua habitação será fora do arraial.
47 Quando também houver praga de lepra em alguma vestidura, seja em vestidura de lã ou em vestidura de linho,
48 quer na urdidura, quer na trama, seja de linho, ou seja, de lã; ou em pele, ou em qualquer obra de pele.


- Salmo 31(32) 1 - 2. 5, 11

1 Em ti, Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me pela tua justiça!
2 Inclina para mim os teus ouvidos, livra-me depressa! Sê para mim uma rocha de refúgio, uma casa de defesa que me salve!
5 Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, ó Senhor, Deus da verdade.
- 11 Por causa de todos os meus adversários tornei-me opróbrio, sim, sobremodo o sou para os meus vizinhos, e horror para os meus conhecidos; os que me vêem na rua fogem de mim.

- 2 ª Leitura – 1Coríntios 10, 31 – 11, 1

31 Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.
32 Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus;
33 assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos.
1 Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda a Acaia


Jesus cura o leproso


- Evangelho - Marcos 1, 40 - 45

40 E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
41 Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo.

42 Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo.
43 E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu,
44 dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
45 Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele.

Comentário do Evangelho

· No Evangelho de hoje, Marcos continua a refletir sobre a fé. No Domingo passado, a simples presença de Jesus Cristo curou o mal da sogra de Simão.
Agora, no mesmo capitulo, é a vez do leproso que pediu ao Mestre que lhe limpasse o corpo, curando-o da lepra, considerada, então, pecado.
O fato em si é simples demais, para se ponderar, para se perceber a grandeza de Jesus Cristo, Filho de Deus vivo.
Simplesmente, aproxima-se o leproso do Mestre. Vamos a Marcos, grafando exatamente, como ele fez nos versículos 40/41:
40 E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo:
- Se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
41 Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe:
- Quero; sê limpo.
Num profundo diálogo de amor e fé sem limites, nos leva-nos a refletir a nossa vida cotidiana. Temos fé? Teríamos a confiança e certeza de Deus o curaria? Somente com este diálogo, não seria suficiente para repensarmos a vida, nosso comportamento?
E prossegue Marcos em seu relato. O doente de lepra, ficou limpo, ficou curado a um simples toque de Jesus. Pelo amor de Deus. Que simples toque!
Na sua nobreza, o Filho do Homem pediu ao cidadão curado que não contasse o fato de sua cura a ninguém. Nunca quis publicidade.
Todavia pediu ao leproso que fosse ao sacerdote e lhe mostrasse o corpo, antes doente de lepra, agora limpo, sadio, curado.
De pouco adiantou o Mestre silenciar sobre Seus milagres. O homem curado botou a boca no mundo, anunciando que estava são da lepra que o perseguia e o tornava marginalizado.
Entrando no espírito do Evangelho, vê-se que Jesus se opunha contra a casta existente naquela época. Os donos da lei – sacerdotes, fariseus, escribas, saduceus – impunham aos pobres, doentes; às mulheres e às crianças - a lei mosaica, não a lei de Deus, proclamada por Jesus nos dois mandamentos: (Mateus 22, 37. 39-40).

Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Sabiamente, acrescentou Jesus:
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
Assim também pregavam e ensinavam os judeus, mas, na prática, não agiam assim. Eles subjugavam, submetiam os impuros, os pecadores à sua dura lei.
Para eles, a doença, a demência, de modo geral, a pobreza era considerada pecado, impureza do corpo e da alma.
Os leprosos eram marginalizados e obrigados a viver fora da comunidade, vivendo a vida isolado de tudo e de todos. Eram considerados pecadores, impuros, não dignos de pertencerem à sociedade preconizada por eles judeus.
Por isso o Mestre veio para os doentes, para os pecadores e impuros, curando-os, respeitando-lhes a individualidade, amando-os como seres humanos que são.
Refletindo o Evangelho de Marcos:
Por acaso a situação hoje é diversa daquele tempo?
Se analisarmos com cuidado, os poderosos – políticos, econômicos – não continuam sacerdotes, escribas, fariseus homens da lei de ontem?
E os excluídos, os marginalizados estão sendo incluídos no sistema, cada vez mais fechado?
Na primeira leitura – Levítico – temos o retrato da lei de Moisés e seus privilégios.
Na sua Carta aos Coríntios, Paulo aconselha a, em tudo, em todos os nossos atos, tenhamos sempre por sublime e essencial, a Glória de Deus.
Desse modo, desejando os todos um Feliz Domingo, concluímos o comentário, com o versículo 2 do Salmo de hoje:



Inclina para mim os teus ouvidos,
livra-me depressa!
Sê para mim uma rocha de refúgio, uma casa de defesa que
me salve!


15.02.2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Entrevista - Ana e Tissiane - UNEB



Entrevista com Tatai - Ana e Tissiane

Edvaldo Santiago


Janeiro de 2009, quarta-feira, dia 28.

Dia memorável, tarde agradável, “saudades do meu tempo de professor”

Da UNEB, Ipiaú, duas estudantes - Ana e Tissiane - vieram nos entrevistar, entrevista essa que se tornou um reencontro com as Letras, com a Filosofia, com a Linguística, razão principal da entrevista. A começar pelo trema que nos deixou em paz. Fora da reforma ortográfica atual.


Tatai entre as entrevistadoras, Ana e Tissiane.

Não sabemos se comentar o assunto da entrevista ou o encontro com as duas simpáticas e encantadoras estudantes da UNEB.

Marcada por telefone a entrevista, na hora exata as duas jovens compareceram, acomodaram-se e início de papo. Ligeira apresentação e o assunto: “Variação lingüística através dos tempos”. Palavras, expressões, ditados, gírias de hoje, de ontem, de sempre.

Como sabemos, as palavras nascem, crescem, se transformam e morrem (caem em desuso).

De inicio, quisemos perguntar às duas jovens:

- “Ainda que mal o pregunte como é a graça de vosmecês”?

Todavia, não iniciamos assim a entrevista, pois Ana, Ana Medrado nos disse logo que era filha de Hélio Medrado e Elenice, pessoas gratas que tivemos a satisfação de lhes ter ensinado no GAMI – Ginásio Agrícola Municipal de Ipiaú. Idos de 1966 a 1969. Hélio começou com exames de admissão realizados no Ginásio de Rio Novo, transferindo para o GAMI.

Ana e Tatai

Tissiane, residente em Ibirataia, a conhecemos agora, tempo bastante para perceber sua inteligência, seu gosto pelos estudos. Ambas cursam o 4º semestre em Letras, já o dissemos, na UNIVERSIDADE ESTADUAL DA BAHIA - Campus Salvador da Matta, nesta cidade.

Acomodados que fomos os três, Tissiane com a máquina fotografia, Ana encarregada das perguntas, da entrevista. Professor da disciplina: Gredfon.

Após ouvir e anotar o nosso currículo, graças a Deus, começando com a minha primeira profissão – Alfaiate – demos início à entrevista, melhor dizendo ao bate-papo, linguistico e filosófico a um só tempo. Sem faltar Psicologia, indispensável em qualquer conversa.

E passamos uma tarde inteira, regada a suco de manga, com perguntas, risos, explicações científicas, ditados populares, o tempo de ontem e o tempo de hoje e o não-tempo, mais importante que todos. Sem ontem, passado; sem amanhã, futuro. Só hoje, presente, aqui, agora.

- Alguns termos em desuso -

- Al (algo, alguma coisa) – bofé (boa fé) – antanho (antigamente – entonce (então) – pregunta, preguntar (pergunta, perguntar) – graça
(nome)

- “Ainda que mal pregunte, como é a sua graça?”) – insturdia
(outro dia) – vosmecê (Vossa Mercê, você) – na pendura, na pindaíba, estar limpo, na pior (sem dinheiro).

Tintin por tintin (detalhado, miudinho) Etimologia curiosa e duvidosa, diz dos tempos antigos, quando uma dívida era paga em moeda, queria ouvir-se o som das moedas, superpostas, batendo uma sobre a outra. Dinheiro contado com cuidado.

Pão dormido (pão de um dia para outro; mais barato). Carne virada (carne de um dia para outro, nos açougues. Mais barata).

Tatai e Tissiane

Para mudar de conversa, derivamos para Gramática: Exagero com que se ensinava. Um sem número de funções do “Que”, funções do “Se”. Indo mais longe, as sabatinas, o método de alfabetização, sílaba por sílaba. Um tormento para os alunos de respostas lentas.

Bor bo le ta - ... caneta. Rheu ma tis mo - ... remédio. Enquanto os alunos gravavam as primeiras sílabas, eram essas esquecidas em relação às sílabas seguintes. Ausência, então, da Psicologia. Fora as complicações do “Y”, “H” aspirado, o “W” e o “K”, alguns deles já de volta na atual reforma.

Os verbos namorar e ficar sofreram tais significados que a geração de hoje pode explicar melhor!

Ainda sem o uso das argolas masculinas, dos piercings, dizíamos nós às jovens bonitas. Ela é uma uva, pondo a mão na ponta da orelha, acrescentávamos: é da pontinha.

De toda a nossa conversa, da linguagem científica ao papo normal de todos os dias, a variação linguística não considera tempo, nem espaço. Interessa aos interlocutores o código e a decodificação. Boca e ouvido devem entender-se e está dado o recado.

Exemplo maior dessa variação em linguagem são a gíria e os ditados populares, provérbios nascidos da inteligência e intuição do povo, do povão.

Alguns ditados populares

Deles, conhecidos para uns ignorados para outros tantos.

Vejamos:

“Todo mundo é bom, mas meu capote sumiu·”.
“Quem foi Naninha...”. ”Aproveite enquanto Brás é tesoureiro”.
“Cafundó do Judas, Cu do Judas”. “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.
“Quem gosta de mole vai para a boca do cano”.
“Quem cata pimenta é porque tem o que comer”.
“Quem comprou seu carvão molhado que assopre”.
“Quem dorme com viúva acorda com o lado frio”.
“A árvore cai com grande ruído, mas não se escuta a floresta que cresce” (Provérbio do Zaire, província de Angola, África).
Como lazer, que os leitores interpretem os ditados.

Adoramos a entrevista, amamos as entrevistadoras, muito gentis, aplicadas e inteligentes. Fizeram-nos dar um bom passeio de volta ao passado: a vida do educador.

Recomendem-nos ao Professor Gredfon e um cordial abraço na turma.

· Mini curriculum das jovens que nos entrevistaram:

Ana Medrado

Magistério em 1990 Graduanda do 4º Semestre / letras - UNEB Professora de Alfabetização e
Coordenadora de Educação Infantil da “Escola Ciranda das Letras”.


Tissiane Amâncio dos Santos

Formação Geral em 2002 Graduanda do 4º Semestre de Letras – UNEB.

Com muito carinho,

Prof. Tatai


10.02.2009

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Evangelho - 5º Domingo do Tempo Comum

DIOCESE DE ILHÉUS - PARÓQUIA DE SÃO ROQUE
IPIAÚ - BAHIA

· Dia da Igreja

· 5º Domingo do Tempo Comum

Edvaldo Santiago

Ano B – Marcos

08 de fevereiro de 2009

Antes de ler o Evangelho de hoje, pare, pelo menos, um minuto, e reflita bem. Como passou a semana, em casa e no trabalho. Como tem sido sua convivência com a esposa, com os filhos, de modo geral, com todos (as) que o (a) rodeiam.

· Oração do Dia

Senhor Jesus, eu te procuro com sinceridade, na certeza de encontrar, em ti, palavras que façam reviver a esperança no meu coração. (Paulinas).

· Leituras para comentário e reflexão:

- Primeira Leitura – Jó 7, 1 - 4. 6 – 7

1 Porventura não tem o homem duro serviço sobre a terra? E não são os seus dias como os do jornaleiro?
2 Como o escravo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga,
3 assim se me deram meses de escassez, e noites de aflição se me ordenaram.
4 Havendo-me deitado, digo: Quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama até a alva.
6 Os meus dias são mais velozes do que a lançadeira do tecelão, e chegam ao fim sem esperança.
7 Lembra-te de que a minha vida é um sopro; os meus olhos não tornarão a ver o bem.

- Salmos 147, 1-2. 3-4. 5-6

1 Louvai ao Senhor; porque é bom cantar louvores ao nosso Deus; pois isso é agradável, e decoroso é o louvor.
2 O Senhor edifica Jerusalém, congrega os dispersos de Israel;

3 sara os quebrantados de coração, e cura-lhes as feridas;
4 conta o número das estrelas, chamando-as a todas pelos seus nomes.
5 Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; não há limite ao seu entendimento.
6 O Senhor eleva os humildes, e humilha os perversos até a terra.

- Segunda Leitura – 1Coríntios 9, 16 - 19.22 – 23

16 Pois, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, porque me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!
17 Se, pois, o faço de vontade própria, tenho recompensa; mas, se não é de vontade própria, estou apenas incumbido de uma mordomia.
18 Logo, qual é a minha recompensa? É que, pregando o evangelho, eu o faça gratuitamente, para não usar em absoluto do meu direito no evangelho.
19 Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível:
22 Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns.
23 Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me co-participante.


Jesus ora, ensina, liberta.

- Evangelho – Marcos 1, 29 - 39

29 Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.
30 A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela.
31 Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia.
32 Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados;
33 e toda a cidade estava reunida à porta;
34 e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam.
35 De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.
36 Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo;
37 quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam.
38 Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim.
39 Foi, então, por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.

Comentário

Jesus ora, ensina e cuida de todos. Assim como foi no principio, será sempre assim.
Marcos narra, no Evangelho de hoje, que Jesus, após ter expulsado de um homem o espírito mau, foi admirado por todos os que estavam na sinagoga (vv 26-27). Espantados, perguntavam uns aos outros: “O que é isso?” “Um novo ensino, uma nova doutrina”?

Deixando-os espantados e admirados, com seus discípulos, Tiago e João, Jesus saiu da sinagoga e dirigiu-se à casa de Simão e André..

Chegando lá, avisaram a Jesus que a sogra de Simão estava de cama, sem poder
levantar-se. Tinha febre. Indo até ela, o Mestre fê-la levantar-se, curando-a.

Refeita da saúde, de imediato pôs-ela a servir a todos.

Já era tarde e o Mestre tencionava visitar outros lugares, onde O aguardavam doentes e endemoninhados atrás de cura, de saúde. Queriam Seus discípulos que Jesus ficasse ali mais um tempo, a fim de atender a tantos que queriam vê-lO, ouvir suas lições de amor e de paz.

Uma multidão estava na porta. E Ele fez milagres, curou diversas moléstias, expulsou demônios, impediu que esses demônios falassem, porque eles bem conheciam o Mestre e sabiam que Ele era Filho de Deus.

Como sempre o fazia, Jesus acordou cedo e foi ao deserto orar, conversar com o Pai. E os discípulos a sua procura, dizendo que o povo estava a Sua procura.

Foi quando o Mestre lhes disse que iria Ele e seus discípulos iriam a outros lugares. E foram pregando na Galiléia, pregando nas sinagogas, ensinando, fazendo milagres.

Numa exegese mais acurada, Marcos nos leva a refletir o conteúdo deste evangelho.

Após ter expulsado demônios, tornando livre o homem, Jesus mostra aos homens dessa época o valor da liberdade. (...livres, e não tendo a [liberdade] como capa da malícia, mas como servos de Deus). (1 Pedro 16)

A missão do cristão é servir e ninguém pode servir se não for livre. Isso aconteceu com a sogra de Pedro. Doente, com febre não tinha condições de servir. Lembremo-os que na sua época, a doença era considerada pecado, dando-se os doentes como pessoas fora do sistema. Incapazes, inúteis, pecadores.

Logo que curada, a sogra de Simão, livre, pôs-se a servir a todos. Cumpriu, assim, sua missão, nossa missão: servir.

Atentemos, também, para o fato de os discípulos queriam que Jesus demorasse mais tempo naquele lugar, como uma espécie de promoção do Mestre, como se diz hoje, um teste e popularidade. E Jesus continuou sua peregrinação, por outras plagas, curando, pregando, amando...

Na primeira leitura, Jó confessa seu sofrimento, a desdita do homem excluído, o que nos acontece, até hoje. “Ai de mim se não anunciar o evangelho” (v 16).

São Paulo, na 1ª Carta aos Coríntios. Confessa a sua alegria em pregar o evangelho, sem, contudo, vangloriar-se disso. Diz ele da sua obrigação anunciar a Palavra de Deus, da sua alegria em fazê-lo.

Por fim, como se expressa o Salmo de hoje:

Louvai ao Senhor;
porque é bom cantar louvores ao nosso Deus;
pois isso é agradável, e decoroso é o louvor. (v 1)


08.02.2009

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Três histórias Zen (II)


O Mestre Zen e três histórias de Vida


Edvaldo Santiago

Osho, além de iluminado é um genial contador de histórias. Historias reais, imaginárias, fantásticas, todas elas dentro de um contexto de vida, com exemplos edificantes e inesquecíveis.

Irreverente, comprometido somente com a verdade, deixou inimigos às pampas; no entanto, estão nos seus livros, nos seus discursos, nas suas palestras e meditações verdadeiros tesouros de religião, filosofia, psicologia, uma cosmovisão sem comentários.

Dentre os seus livros, não nos lembramos bem de onde, lemos esta história: se em “A Semente de Mostarda”, " A Guerra e a Paz Interior", “Palavras de Fogo” ou “Nem água nem lua” - esta última com seu verdadeiro nome, Bhagwan Shree Rajneesh.

Sem mudar o sentido, tentaremos, em forma de parábola, narrar aos leitores esta história, rica em humildade e sabedoria.

Um Mestre Zen estava às portas da morte. Seus discípulos e admiradores, toda a comunidade está aflita com a saúde do sábio. Ele era, além de iluminado, um homem bom, simples que a todos atendia sem formalidade alguma.

A historia tão bonita; a vida do mestre Zen.



Mestre Zen em meditação


Pensaram e os seus discípulos puseram em prática. No leito de morte, inquiriram eles ao Mestre Zen, pedindo-lhe, como recordação, que lhes contasse os fatos mais importantes da sua vida, que o fizeram ser mestre Zen. Sábio, iluminado!

Com voz baixa e com dificuldade, o mestre convidou seus discípulos a ouvi-lo. E contou:

Três coisas são importantes na vida do homem, para fazê-lo sábio, justo, reto.

Primeira história
: Independência.

O cidadão deve aprender a viver às sas custas. Viver em comunidade, saber partilhar, todavia ser o dono de si mesmo. Para tanto, desde cedo, cultivar os estudos, as lições de vida, o trabalho, sabendo acordar cedo e dormir tarde, lembrando-se sempre do Aberto, da Natureza, do Outro que lhe está perto. E jamais transferir para os outros as razões do seu fracasso, das suas frustrações. Sem essa de bode expiatório.

- Isso aprendi com um cão. E contou:


“Vivia eu mendigando pelas ruas, com o chapéu recolhendo esmolas. Com esse mesmo chapéu eu bebia água nos ribeirinhos da cidade. Só, sem bens ou patrimônio a ser protegido, vivia independente, dormindo ao relento, todavia a hora que quisesse e estivesse com sono. Era independente.

E aprendi assim: bebia água no rio, apanhando-a com o chapéu e sorvendo bem devagar. Numa das vezes em que bebia água, vi um cão aproximar-se do rio, entrar na água um pouco mais fundo e, com a boca, beber sua água.

De imediato, joguei de lado o chapéu e, com a boca, comecei a beber água do rio. Não mais precisava do chapéu para beber água. Eu tenho boca.

Fiz-me independente!

Segunda: honestidade.

Se não nos enganamos, a lei romana dizia “a cada um o que é seu”. Hoje, não se sabe o que é nosso, pois de todos os lados somos surrupiados, lesados, enganados. Cidadania em baixa. O cidadão vê-se às voltas com números e mais números: cpf, rg, c/c, cadastros daqui, cadastro dacolá, só não se sabe o seu nome seu perfil psicológico, se está são ou às voltas com o que comer e o que vestir.

Meia dúzia ou mesmo uma dúzia de políticos e altas autoridades, nos três níveis, tiram a diferença. Aumentam impostos, aumentam salários pessoais, dão as cartas e as pessoas, coitadas, comendo o pão que o diabo amassou. Roubos, treitas por todo lado e o famoso jeitinho brasileiro, a fim de evitar o nepotismo, políticos nomeiam mães uns de outros e tudo fica por isso mesmo.

Tudo passa, tudo é esquecido, vale tudo na política. Nada se apurou, faz de contas que nada houve, foi conversa da imprensa e continua a Polícia Federal a prender gente e soltar, consoante a lei daqui, lei dali.

Pelo amor de Deus cadê os mensalões, os valeriodutos, os dólares nas cuecas, os “dossieres” das eleições, os caça-níqueis, as ambulâncias, fortunas nas ilhas da fantasia. Inquéritos e mais inquéritos sem conclusões e ninguém na cadeia nem a devolução de um centavo. Golpe mais novo de desonestidade dos “grandes”: dinheiro escondido na parece.

Honestidade!

Aí o mestre Zen contou a segunda historia da sua vida. Vida de mestre Zen.

“Nas suas andanças pelo mundo, mendigando, olhando as árvores, cheirando as flores, sentindo a relva aos seus pés, parecia não dar conta da cidade próxima a chegar. Foi ficando tarde, a noite chegando e, quando menos esperava, chegou à cidade tarde da noite.

Casas fechadas, aqui e ali, se ouvia um canto ou um latido; nem um pé de pessoa com quem conversar ou pedir asilo.
Com fome e cansado, sentou-se num banco da praça, quando percebeu ao longe, uma luzinha e ao que lhe parecia uma porta aberta, com um tênue luz a alumiar sua esperança de abrigo e, quem sabe, comer alguma coisa.

Aproximou-se, entrou na casa e sentou-se num tosco banco existente na sala. E cochilou sendo acordado por um cidadão, mascarado, com um enorme saco nas costas.

Era um ladrão.

Dando a se conhecerem, um era um mendigo – o mestre Zen - e o dono da casa, o ladrão. Como estavam com fome, passaram a comer e conversar, confessando coisas da vida de ambos. O mestre, após identificar-se, ouviu a historia do ladrão.

Acabando de tirar a máscara, confessou que desde menino, era ladrão. Apanhava uma coisa aqui, outra ali, sempre escondido e calado em tudo o que fazia. Acostumou-se a roubar e essa foi e é a sua profissão. Ladrão honesto, angariou a simpatia do mestre que com ele conviveu mais de um mês, acompanhando, todas as noites, a sua rotina de ladrão. Saía, sempre com uma máscara, fazia o seu serviço e voltava para dormir e descansar durante o dia.

Fato curioso. Enquando vivia a sua vida de ladrão, nunca deixou de observar o jeito de ser do mestre Zen, sempre absorto em suas meditações, suas orações, sua vida contemplativa. Angariou a simpatia do mestre e ganhou dele a mesma confiança e afeto.

Após completar um mês de convivência, falando em ir embora, o ladrão, honesto, manifestou vontade de acompanhar o mestre e não houve quem o desfizesse desse propósito.

E lá se foi ele com o mestre, a essa altura, mendigando, orando, cumprindo os desígnios da vida contemplativa”.

A honestidade do ladrão marcou, com o exemplo, a vida do mestre Zen.

Vejamos bem. Um cão e um ladrão influíram na vida de um mestre! E a terceira história.

Terceira: sabedoria

Não a dos livros. Esta é horizontal, dos livros, dos homens. Refere-se o mestre à sabedoria divina, aquela que foi concedida a Salomão, no início do seu reinado. A sabedoria que é mais que conhecimento, mais que lógica ou metafísica. A que vem diretamente do Aberto, do Alto.

O conhecimento por mais evoluído e sofisticado, por mais profundo que seja, esvai-se com o corpo, ele é do corpo. Lembremo-nos de Sócrates que, sem cerimônia e para o espanto dos de todos, afirmou que só uma coisa sabia: “sei apenas que nada sei”.

A essa sabedoria refere-se o mestre no seu aprendizado de vida narrado aos discípulos na hora da morte.

Já com os olhos meio fechados, com dificuldade, contou o mestre Zen a sua terceira história, referente, como as anteriores, ao seu longo aprendizado no curso sua vida de mestre Zen, de iluminado, contemplativo, de verdadeiro saniasis.

Contou ele que, “nas suas costumeiras andanças pelo mundo, um dia, já anoitecendo, encontrou um menino, na estrada, sozinho e Deus. De feição ingênua, inocente, trazia o menino entre as mãos, uma vela acesa, uma chama bonita, ora virando para um lado ora para o outro, todavia acesa.

O mestre, então, curioso e fascinado pela beleza e candura da criança, resolveu brincar com ela, indagando:

- Meu menino, você será capaz de me dizer de onde vem a chama dessa vela?

O menino parou, olhou bem para a chama da vela e, num impulso, mansamente retorquiu:

- Só responderei, se o Senhor me disse para onde essa chama vai.

E soprou a vela, apagando a chama,
deixando uma fumacinha que,
aos poucos, ia desaparecendo no ar...”.


14.04.2007

03.02.2009