sábado, 6 de dezembro de 2008

60 ANOS DE AMOR

Graças a Deus!

Wanda e Tatai

10.12.1948 – 10.12.2008

60 anos de casados!




Wanda e Tatai e Jesus Cristo sempre presente!


Wanda, Tatai e os oito filhos:
Antônio José, Ma. Amélia, Luiz Alberto, Mário Sérgio,
Lúcia Helena, Ma. do Rosário, Ma. Luísa e Ma. Isabel.


A família




A família

Tudo começou, num dia de sábado, janeiro de 1944.

- História de amor -


Assim já não são mais dois,
mas uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou,
não o separe o homem.”
Mt 19, 5



Wanda e Tatai - há 60 anos!

Janeiro de 1944.

Primeiros dias de conhecimento da cidade que aprendi a amar, até hoje. Como se ontem fosse hoje, hoje fosse ontem. Sem que eu percebesse, Ipiaú já era meu “Bem Querer”. A terra do meu coração!

Estudante de Nazaré das Farinhas, terra onde nasci, egresso do orfanato “Asilo de Meninos Desvalidos”, profissão alfaiate e de muita honra, para Rio Novo, rumei, aqui chegando no dia 29 de dezembro de 1943.

Grandes amigos, irmãos do coração, para aqui me trouxeram Aloísio Castro, Américo Castro, José Fonseca Mota e Quintiliano Andrade Cardoso. Grandes amigos e colegas que já não estão mais conosco. Nossa eterna gratidão!


Wanda e Tatai - Humor e Otimismo!

Mais vividos, todos os colegas tinham namorada. Só eu não tinha. Acanhado, desacostumado a sair, passear, vivendo o dia inteiro no orfanato, faltava-me jeito de namorar, andar de voltas com garotas. Foi aí que meus colegas me abriram o jogo.



Disseram: “aqui há uma menina que dá certo com você. Vai ser sua namorada. Ela se chama Celita; é uma ótima menina”.



Pronto, me acenderam a chama, deixaram-me inquieto. Eu queria conhecer essa menina. Eu precisava ver essa menina!

Nosso romance:

Vi-a pela primeira vez, num dia de sábado. Meu Deus, como me lembro!

Ela vinha da feira, trajando um vestido de alças, quadriculado, blusa branca, tranças longas até a cintura, amarradas nas pontas com fitas de gorgorão cor de rosa.

Bem em frente à Igrejinha de São Roque, hoje prédio comercial.

Não sei se ela me viu, se notou minha presença ou se lembra do fato. Não importa; vi-a e gostei dela à primeira vista, me creiam ou não os leitores.

Andar ligeiro e gracioso, esguia, menina ainda, sacudindo as tranças, numa faceirice que me encanta até hoje. Alguma coisa trazia na mão, me pareceu uma vassoura, dando-me a certeza de que vinha da feira.

Foi o suficiente.

Daí em diante, a procura, os lances, os olhares, os recados, o princípio de namoro; namoro à antiga, mas saboroso e persistente. Como até hoje. Até o primeiro encontro, difícil e acanhado, quase sem palavras, só o arfar de peitos e coração batendo forte. Dos dois. Ambos estreantes no amor, os primeiros namorados. Ele, acanhado, ela, tímida, com medo do encontro; do que poderia acontecer depois.




Wanda e Tatai – Ternura!

Os furtivos encontros tinham de acontecer de modo rápido, antes que as luzes da cidade se acendessem; tempo roubado em que a menina de tranças vinha comprar linhas do seu bordado, da sua máquina de costura e dos seus bastidores. Menina ainda, bordadeira de primeira. E eu, alfaiate!

Uma explicação necessária. As luzes da cidade eram acesas às 18 horas e apagadas às 6 da manhã. E Celita tinha que chegar a casa antes que as luzes fossem acesas, sob pena de apanhar, tomar uma surra.

Recém-chegado, jovem, estudante, concluinte do curso ginasial. Vestido de blusão de farda, mangas arregaçadas, saindo da adolescência, andava em turmas com os colegas, Zeca Fonseca, Quintiliano, Aloísio, Américo Castro e outros e só o comentário da menina de tranças; quem era, de onde era, o que fazia, se era daqui mesmo.

Cadê essa menina!

A menina de vestido de quadros, de tranças compridas! Seu jeito, sua forma, não sei. Só sei que preciso vê-la mais amiúde, ter encontros, mais encontros, falar mais, ouvi-la, segurar suas mãos. Mirar seus olhos, suas tranças compridas...

Como era difícil namorar naquele tempo!

E começou minha peregrinação pela rua da Rodagem (Siqueira Campos) onde ela morava com mãe, Dona Delinha. A princípio, com os colegas, em grupos, ten­tando chamar atenção dela; depois sozinho, preocupado, ansioso, com esperança forte de namoro mesmo. A essa altura, ela já demo­rava um pouco na janela, arriscando me ver, apesar de toda a marcação que tinha da mãe dela, Dona Delinha, depois Mãe Delinha de todos nós.

De férias, foram poucos os meses que aqui passamos - janeiro e fevereiro. Era chegada a hora de voltar para casa, para a terra natal e recomeçar tudo por lá. E por aqui ficava um sonho, que sonho. Uma maravilhosa visão!




Wanda e Tatai - Confiança

De férias, foram poucos os meses que aqui passamos - janeiro e fevereiro. Era chegada a hora de voltar para casa, para a terra natal e recomeçar tudo por lá. E por aqui ficava um sonho, que sonho. Uma maravilhosa visão!

Visão, o sonho de uma menina linda, meiga, tímida que amo tanto, como se fosse ontem, no começo da história.


A título de conversa. Durante os dois meses que aqui passamos, trabalhei tanto de alfaiate, costurando, no corredor da casa de “Seu” Antero e Dona Helenita, nossos inesquecíveis hospedeiros, com a máquina da casa. Alegre, feliz, voltei para Nazaré com uma mala cheia de tudo para Nair e Senhorazinha, minhas jóias.

Nesse pequeno espaço de tempo aqui, nesta terra, quanto aprendi, quanto ganhei, como percebi que o mundo é muito maior que os nossos horizontes de família pobre!

Quanto aprendi com os amigos que nos ajudaram a ser gente. Ajudaram-nos a ver que todos somos iguais, com as mesmas oportunidades de crescer, evoluir, viver a vida em toda a sua extensão.

Quanta grandeza aprendemos nesta terra de meu Deus!

Perdoem-nos a divagação, o devaneio, o próprio êxtase, todavia sonhar é possível. Viver é necessário e como vivi e vivo eu esses momentos inolvidáveis!

Continuemos a narrativa, continuemos a historia.

Pior a emenda que o soneto. Não mais acertei ficar em minha terra, Nazaré. A menina não me saia um minuto da cabeça e já no meu coração.




Wanda e Tatai – Fé e Perseverança!

Não agüentei mais. Larguei tudo, poucos familiares, Nair e Senhorazinha, irmã e tia, minhas raízes, e me lancei na aventura de vir para Ipiaú, em definitivo, sem saber onde pousaria; onde iria comer e dormir. Deus, inspiração, fé no porvir!

Com a cara e a coragem e uma fé inquebrantável em Deus, assim o fiz para sempre. Foi só juntar os quase-nada e viajar para esta terra amada, que é Ipiaú. Novos lances, novas e maiores expectativas, após uma romântica correspondência que durou quase um ano e o reencontro com a menina tímida de tranças até à cintura, amarradas com fitas de gorgorão.

Trouxe comigo uma mala de papelão, umas três roupas brancas - mania do alfaiate - uma ou duas camisas, roupas internas, agulha, dedal, alguns carretéis de linha e uma porção de vergonha na cara, uma força interior dada por Deus, que nem mesmo sabia que tinha.

Wanda e Tatai. Juntos, descobrimos qualidades e defeitos comuns. Ambos escabreados, primeiros namorados. Bordadeira e alfaiate, simples e de origem humilde. Conversa vai, conversa vem, promessas e mais promessas; esforço conjunto e o noivado, com aliança de Da. Delinha (das antigas, grossas) dividida em duas. O enxoval, os mealheiros guardando o dinheiro para comprar as coisas, a arrumação das mesmas coisas e a casa da Rua Borges de Barros, 37 onde todos os filhos nasceram.

O casamento, a lua de mel em Nazaré, em Salvador, a felicidade, a alegria incontida. O sonho realizado!

Novas lutas, sofrimentos e mais alegria e fomos chegando, cada vez mais um pouquinho. E mais amor. Estudantes, todos dois, um segurando o outro de todo jeito, inclusive espi­chando o orçamento. Na raça, ambos professores universitários e ele, ainda, Bacharel em Direito. Isso, já com filhos e filhas criados!

Com a tenda de alfaiate e o bordado de Wanda e Delinha, a família. Um filho, dois filhos, oito filhos, todos esperados e amados. Um neto, dois netos, dezessete netos, filhos com açúcar, cinco bisnetos. Genros, noras, filhos também.

Ao todo, somos hoje, quarenta e cinco pessoas, um completo laboratório, Sem nos esquecer, jamais, de Mãe Delinha, Luiz Alberto, Nair, Senhorazinha e Alípio, que estão no céu.

Um pequeno clã. Nosso querido laboratório.

Esta história, a “História de Amor” que num dia de sábado, em janeiro de 1944, teve sua realização plena no dia 10 dezembro de 1948, quando, na Presença de Deus e da comunidade, Wanda e Tatai, prometeram ser fiéis a vida inteira:
O matrimônio!

Ou antes, na porta da antiga Igreja de São Roque, com Wanda, minha Preta, meu amor, de tranças compridas, vestido quadriculado e bonita, linda, até hoje!

“Se o Senhor não edificar a casa,
em vão trabalham os que a edificam”!
Salmo 127, 1


Desde o início da nossa história, Deus se fez presente em nossa vida. Juntos, Wanda, Tatai e Dona Delinha, Mãe Delinha, formamos um trio bem afinado. Vivemos bem unidos e dela temos saudades até hoje. Delinha foi mãe, foi avó, foi tudo para os nossos filhos.

Na Rua Borges de Barros, 37, a segunda casa construída nesse local – ainda sem Câmara, sem Forum, Prefeitura, Ginásio de Rio Novo sem Escola Professora Celestina Bittenourt, sem ruas – ali iniciamos nosso Ninho de Amor, ali nasceram nossos oito filhos.

Quanta saudade daquela rua onde nossos filhos nasceram, cresceram e curtiram de tudo o que tiveram direito. Com nós três unidos, nossos filhos empinaram arraia, soltaram balões, brincaram de picula, jogaram triângulo, rezaram Santo Antônio, soltaram fogos de São João, pularam fogueira. Viveram e amaram esse tempo!

Grandes vizinhos, grandes amigos de amizade duradoura até hoje, com os que ainda estão conosco, neste mundo de meu Deus. Por mais de trinta anos ali vivemos, sonhamos, amamos e fomos sempre amados. Saudades, muitas saudades daquele tempo! Recordações indeléveis. Como começamos a Vida! Memória!

Há mais de vinta anos, neste Bairro da Conceição, onde residimos, as coisas mudaram. Filhos adultos, 17 netos também adultos, oito bisnetos, com genros e nora, somos uma família total de 49 pessoas. E nós, continuamos cultivando o Amor de mais de sessenta anos. Wanda e Tatai são um!


Wanda e Tatai - Amor!

Somos felizes, alegres pelos sessenta anos de casamento! E tudo de bom nos aconteceu, porque Deus edificou a nossa casa, desde o início de nossa vida.

Graças, graças sobre graças!

Graças a Deus!


A Família

Wanda e Tatai - 02
Antonio José, Eliene, Cláudio, Rogério. Rodrigo, Bianca, Shirley, Beatriz, Lívia (filho) = 10
Maria Amélia e Ana Amélia + 02
Luiz Alberto, Ricardo, Luciana, Lucila, Alan e Júlia = 06
Lúcia Helena, Ademar, Mateus, Bruno, Helena, Caio, Lorena e Loana = 08.
Mário Sérgio = 01 Maria do Rosário, Dino e Vanísia= 03
Maria Luísa, Josafá, Isaac, Marcus, Diogo, Luísa, Gustavo, João Pedro e Nívia = 09
Maria Isabel, Gilson, Bárbara, Isabelle, Vanda, Luiz, Sofia, Rafael = 08



- Laboratório de 49 pessoas -


Netos



Bisnetos


Wanda e Tatai – Folhinha do Dia do Noivado (frente)




Wanda e Tatai - Folhinha do Dia do Noivado (verso)




Wanda e Tatai - Certidão de casamento



Wanda e Tatai - Folhinha dos 60 anos de casados (frente)






Wanda e Tatai - Folhinha do 60 anos de casados (verso)







Bodas de Diamante

10.12.1948 - 10.12.2008

Wanda e Tatai

60 Anos de Amor!

3 comentários:

Closet XXI disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luisa disse...

Oi queridos pais,
Como é bom fazer parte desta linda história de amor.
Agradeço a Deus sempre em minhas orações por ter-me dado a oportunidade de poder viver, mas viver nesta família.
Falar de amor parece muito fácil para algumas pessoas, porém, quando se trata de vivenciar com vocês dois e por consequência com os outros 47 componentes é que se sabe realmente o que é amar e ser amado.
É poder partilhar das alegrias e das tristezas de todos, poder olhar nos olhos, sorrir juntos, dizer uns aos outros "eu te amo", saber perdoar as falhas, desculpar os erros, amar muito e de maneira incondicional.
É ter o prazer de contar os dias para que possamos estar juntos nos momentos em que nos reunimos todos, em especial no São João e no Natal.
Contudo, painho e mainha, nada disto teria sentido se não fosse vocês estarem conosco, nos apoiando, orientando, servindo-nos de exemplo, para que pudêssemos formar novos núcleos de família.
O que posso dizer? Pedir? Creio que nada, sou feliz por completo.
Sendo assim me resta só pedir e orar a Deus que lhes protejam, dê muita saúde, paz e que Ele possa nos dar a permissão de viver ainda por muitos anos e perpetuar esta história de amor.
Tenho orgulho de dizer que sou filha de vocês, amo-os cada dia mais.
Parabéns pelos 60 anos a dois, três, onze...49 e quem sabe não chega logo mais alguém para fazer também parte desta turma.
Tenham certeza que nós todos estamos muito felizes.
Deus os abençoe!
Mmmmmmmiiiiiiiillllllllll beijos.
Sua filha Maria Luisa.

Resistência disse...

Professores Tatai e Wanda,
Nossos amados e queridos amigos.
É com muita alegria que parabenizamos pela passagem dessa tão importante data. Que nosso senhor Jesus continue sempre iluminando e abençoando o caminho de vocês nessa trajetória tão bela e bem descrita nesse post.
Que belo exemplo os jovens casais têm para seguir. Que a história de vida de vocês sirva de espelho para todos nós.
Somo muito felizes por poder compartilhar de momentos felizes ao lado de vocês.
Que Deus os abençoe!
Dos seus irmãos em Cristo, Jeane e Pablo.