O velho caldo
Edvaldo Santiago
• Atentem bem. O velho caldo, não o caldo velho.
O velho caldo tem um sentido cheiroso, gostoso, amoroso, dengoso, terno e suave que desce pela goela, escorregando, devagar, para melhor se sentir o sabor, o gosto bem gostoso, mexido com o pirão bem mexido. Hum... hum... Que caldo!
O velho caldo
Longe do caldo velho, antigo, com cheiro de passado, cheiro de panela, meio enfumaçado, que mal se saboreia, mal engolido o pirão, sem jeito.
Cuidado com os adjetivos. Antes ou depois do substantivo, tiram-se o sentido. Velho homem, sinal afetivo; homem velho, antigo, idoso. Casa velha, antiga, sem afeto; velha casa, sinal de afeto, lembrança, saudade.
O velho caldo, com certeza é o caso de amor certo e não certo amor. É carinho antigo, curtido todos os dias, toda hora. É afeto puro,
É uma história de amor!
História real, vivida entre os dias que passamos em Salvador, às voltas com a nova cirurgia que nos levou a Wanda, Tatai, Maria Amélia e Gói a residir, mais de dois meses na cidade grande.
Com os filhos e netos, nora e genro que residem em Salvador, passamos nós um período maravilhoso, tranqüilo, de muita afetividade, muito carinho, muita conversa, sem faltar o sopão das quintas-feiras, o sobe-e-desce dos sábados e as moquecas de peixe aos domingos.
Isso tudo a cargo de Gói e Nide com a supervisão da Rainha, Wanda, a super-avó, coadjuvada por Maria Amélia, misto de motorista, acompanhante e economista e de Ademar, o amigo do ministro. Além do macarrão gostoso de Gói, com a farofinha amanteigada.
Excelentes reuniões com Antônio José e Eliene, Lúcia Helena e Ademar, netos e netas, bisnetos e bisnetas; uma festa de amor que nos amenizaram, suavizaram a expectativa da nossa cirurgia.
E os fins de semana, com indispensável cervejinha, sempre a comando de Ademar, Helena e Maria Amélia!, chefes da tribo.
Os filhos que moram em Salvador e demais familiares mataram a saudade. Nunca ficaram juntos conosco por tanto tempo. Do mesmo modo, também nós matamos a saudade dessa convivência tão gostosa, tão afetiva, que nos fizeram esquecer os motivos da nossa estada: a cirurgia de Tatai.
O note book com o pen drive da Vivo de Antônio José nos fizeram contatar com o mundo e os jogos do computador, bem como suas orações, ajudaram a Wanda passar o tempo, rezando, orando por nossa cirurgia.
Tão bom foi esse tempo que nos permitiu ler seis livros; três religiosos e três de psicologia. A Psicologia Analítica de Jung que nos fizeram conversar, ler, refletir as coias da vida, de ontem, de hoje, de sempre.
Com Lúcia Helena, competente psicóloga, estudiosa e aplicada, nos nossos papos, aprendemos com ela mil coisas novas, atuais, necessárias mais do que nunca. Sobretudo em Saudades do Paraíso, de Mário Jacoby, livro que nos impele a acordar, a reviver, a perguntar a nós mesmos: que sentido estamos imprimindo a nossa vida até hoje? Crescemos ou ainda estamos do mesmo tamanho?
Isabel, Gilson, Isabelle, Vandinha e Sofia estiveram conosco por um bom tempo e nos alegraram bastante. Isabel às voltas com Sofia e filmes de terror. Maria Luísa, além das visitas, enfermeira de primeira, com Maria Amélia assistiram de perto os sustos de Tatai no hospital. Sempre rentes com ele.
Pois bem, foi nesse clima de afetivo, muita sopa, muita conversa, muita oração que vimos e vivemos a história de
O velho caldo
Trata-se de uma velha história, não de uma história velha.
Personagens da história: Nide e Caio. Ela doméstica, cozinheira, arrumadeira, responsável pela residência de Ademar e Lúcia, avós de Caio. Caio filho de Helena.
Todos, avós e mãe de Caio passam o dia inteiro no trabalho e no estudo. Ficam Caio e Nide um olhando para a cara do outro, havendo entre os dois uma profunda amizade, vez que Nide cuida dele como mãe, irmã, tia. Tudo!
Ela o viu nascer e zela por ele de tal forma que quase tudo é com ela. Do banho, trocar de roupa, refeições, escola, sempre os dois juntos. Ele só almoça com ela de junto, inclusive fazendo o seu prato, seu café, seu pão.
Há, inclusive, segredo entre os dois, como se nota na história aqui narrada.
Num dos dias que passamos em Salvador, no almoço, descobrimos esse chamego, esse dengo entre os dois.
Ao fazer o prato de Caio, como sempre, o cuidado. Bote isso, bote aquilo. Mais arroz, aquele pedaço de carne, de galinha, aquele ossinho. Nós, admirados pelo entendimento entre os dois, olhando, achando bonita a afeição entre os dois.
O prato pronto. Já nos parecia o início da refeição, quando nos veio a surpresa. A pergunta inesperada de Caio:
E o velho caldo?
Bem, só mesmo Nide e Caio é que se entendem...
07.08.2009
Edvaldo Santiago
• Atentem bem. O velho caldo, não o caldo velho.
O velho caldo tem um sentido cheiroso, gostoso, amoroso, dengoso, terno e suave que desce pela goela, escorregando, devagar, para melhor se sentir o sabor, o gosto bem gostoso, mexido com o pirão bem mexido. Hum... hum... Que caldo!
O velho caldo
Longe do caldo velho, antigo, com cheiro de passado, cheiro de panela, meio enfumaçado, que mal se saboreia, mal engolido o pirão, sem jeito.
Cuidado com os adjetivos. Antes ou depois do substantivo, tiram-se o sentido. Velho homem, sinal afetivo; homem velho, antigo, idoso. Casa velha, antiga, sem afeto; velha casa, sinal de afeto, lembrança, saudade.
O velho caldo, com certeza é o caso de amor certo e não certo amor. É carinho antigo, curtido todos os dias, toda hora. É afeto puro,
É uma história de amor!
História real, vivida entre os dias que passamos em Salvador, às voltas com a nova cirurgia que nos levou a Wanda, Tatai, Maria Amélia e Gói a residir, mais de dois meses na cidade grande.
Com os filhos e netos, nora e genro que residem em Salvador, passamos nós um período maravilhoso, tranqüilo, de muita afetividade, muito carinho, muita conversa, sem faltar o sopão das quintas-feiras, o sobe-e-desce dos sábados e as moquecas de peixe aos domingos.
Isso tudo a cargo de Gói e Nide com a supervisão da Rainha, Wanda, a super-avó, coadjuvada por Maria Amélia, misto de motorista, acompanhante e economista e de Ademar, o amigo do ministro. Além do macarrão gostoso de Gói, com a farofinha amanteigada.
Excelentes reuniões com Antônio José e Eliene, Lúcia Helena e Ademar, netos e netas, bisnetos e bisnetas; uma festa de amor que nos amenizaram, suavizaram a expectativa da nossa cirurgia.
E os fins de semana, com indispensável cervejinha, sempre a comando de Ademar, Helena e Maria Amélia!, chefes da tribo.
Os filhos que moram em Salvador e demais familiares mataram a saudade. Nunca ficaram juntos conosco por tanto tempo. Do mesmo modo, também nós matamos a saudade dessa convivência tão gostosa, tão afetiva, que nos fizeram esquecer os motivos da nossa estada: a cirurgia de Tatai.
O note book com o pen drive da Vivo de Antônio José nos fizeram contatar com o mundo e os jogos do computador, bem como suas orações, ajudaram a Wanda passar o tempo, rezando, orando por nossa cirurgia.
Tão bom foi esse tempo que nos permitiu ler seis livros; três religiosos e três de psicologia. A Psicologia Analítica de Jung que nos fizeram conversar, ler, refletir as coias da vida, de ontem, de hoje, de sempre.
Com Lúcia Helena, competente psicóloga, estudiosa e aplicada, nos nossos papos, aprendemos com ela mil coisas novas, atuais, necessárias mais do que nunca. Sobretudo em Saudades do Paraíso, de Mário Jacoby, livro que nos impele a acordar, a reviver, a perguntar a nós mesmos: que sentido estamos imprimindo a nossa vida até hoje? Crescemos ou ainda estamos do mesmo tamanho?
Isabel, Gilson, Isabelle, Vandinha e Sofia estiveram conosco por um bom tempo e nos alegraram bastante. Isabel às voltas com Sofia e filmes de terror. Maria Luísa, além das visitas, enfermeira de primeira, com Maria Amélia assistiram de perto os sustos de Tatai no hospital. Sempre rentes com ele.
Pois bem, foi nesse clima de afetivo, muita sopa, muita conversa, muita oração que vimos e vivemos a história de
O velho caldo
Trata-se de uma velha história, não de uma história velha.
Personagens da história: Nide e Caio. Ela doméstica, cozinheira, arrumadeira, responsável pela residência de Ademar e Lúcia, avós de Caio. Caio filho de Helena.
Todos, avós e mãe de Caio passam o dia inteiro no trabalho e no estudo. Ficam Caio e Nide um olhando para a cara do outro, havendo entre os dois uma profunda amizade, vez que Nide cuida dele como mãe, irmã, tia. Tudo!
Ela o viu nascer e zela por ele de tal forma que quase tudo é com ela. Do banho, trocar de roupa, refeições, escola, sempre os dois juntos. Ele só almoça com ela de junto, inclusive fazendo o seu prato, seu café, seu pão.
Há, inclusive, segredo entre os dois, como se nota na história aqui narrada.
Num dos dias que passamos em Salvador, no almoço, descobrimos esse chamego, esse dengo entre os dois.
Ao fazer o prato de Caio, como sempre, o cuidado. Bote isso, bote aquilo. Mais arroz, aquele pedaço de carne, de galinha, aquele ossinho. Nós, admirados pelo entendimento entre os dois, olhando, achando bonita a afeição entre os dois.
O prato pronto. Já nos parecia o início da refeição, quando nos veio a surpresa. A pergunta inesperada de Caio:
E o velho caldo?
Bem, só mesmo Nide e Caio é que se entendem...
07.08.2009
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