Edvaldo Santiago
Tempo de amor. De trabalhar, de parar de trabalhar, de pensar. Sobretudo de pensar, refletir sobre as coisas do mundo.
Celebrar a vida!
Não compreendemos nem sabemos se nos convencem do que está acontecendo. Todo mundo tem pressa, está correndo sem direção sem saber para onde vai. Já não se anda, voa. Só não se sabe para onde estamos indo, qual o caminho, qual a meta do que queremos de nós mesmos, da vida, do mundo, do Criador.
Para ouvir passar o vento. O Sopro.
Vale a pena parar, escutar, pensar, calar, fazer profundo silêncio, Se não, de nada adianta tudo o que estamos fazendo. Ninguém percebe por que tanta correria. Não se sabe para onde vamos nem de onde vimos. É o caos.
Preocupados com dinheiro, roubos e assaltos, seqüestros e crimes de toda ordem, o tempo passa, e não fazemos o bem que queremos, mas o mal que não queremos, como bem disse São Paulo.
Fomos feitos e criados para o amor, para a comunhão, para um relacionamento sadio com nosso semelhante, com a natureza, com o Outro. Somos diferentes das coisas, porque amamos; as coisas não amam, surgem, existem, apenas.
Por que, então, não ouvir passar o vento? Por que não sermos humanos para sentir e amar e ser amado? Seres vivos pensantes e amantes que somos, por que não voltarmos às origens? À origem, divina, sagrada? Ser gente de novo, simples, crentes e cheios de fé, plenos de ternura e carinho.
Como ouvir passar o vento, se temos pressa em chegar não se sabe onde?
Como amar se só pensamos nas coisas, no resultado, no êxito e no sucesso?
O vento passa e sopra onde quer, soa em nossos ouvidos e em nossas vidas e não sentimos. Porque a natureza se afasta de nós, com medo de ser de ser destruída.
Temos vergonha em confessar os nossos sentimentos, as nossas fraquezas, o nosso medo. Somos super-homens de mentira e contra os mais fracos. Já não existem as palavras de conforto, de incentivo; generosidade, compaixão, chamego, ternura.
Para que ouvir passar o vento?
De que adianta, se estamos todos poluídos, com os rios, as ruas, as casas, o ar que respiramos e a água que bebemos. As chaminés das fábricas e as usinas nucleares são mais importantes. Os passarinhos, os sapos, os lagartos, os bichos do mato estão sendo exterminados, os campos, as relvas, as quedas d´agua. O ciclo de vida está virando ao contrário, não mais segue o rumo certo, porque não ouvimos passar o vento, não ouvimos a voz do coração, não ouvimos a voz de Deus.
Agora, então, valem as coisas que não agradam. Só se fala em corrupção, pedofilia, crimes hediondos, crueldades contra crianças.
A técnica, a ciência, a sabedoria engoliram o homem e ele já depende do que fez, do que inventou; já é ao computador que se consulta seus planos e das suas decisões. E o computador, como todas as máquinas, não chora, não ri, não tem sentimentos, não se alegra, nem fica triste. Não tem coração. Viva a técnica, viva a ciência, todavia sob o controle do homem.
Então, para que ouvir passar o vento?
Tempo de amar, de construir e destruir; de odiar, de criar; de matar, já diz o Eclesiastes.
Tempo de servir, não de ser servido.
Não é fácil, hoje, agora, simplesmente, ser gente, de carne e osso, corpo, alma e espírito; ser filho, ser pai e irmão, ser mãe. Simplesmente, ser. Não é fácil viver, todavia é necessário viver.
Contudo, contudo, como diz o poeta Fernando Pessoa:
“acho que só para ouvir passar o vento,
vale a pena ter nascido”.
Ipiaú, 08 de agosto de 2009.
2 comentários:
blow in the wind!
"blowin"
sorry...
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