Aprenda a nada fazer
Edvaldo Santiago
Pelo menos, por algum tempo, fique sem nada fazer. Sente-se, o mais confortavelmente possível, e fique inerte, nervos lassos, completamente desligado de tudo em sua volta.
Não é fácil, todavia é necessário, para quem não quer entrar em parafuso. Perder o juízo, ficar doidão, na impressão de que, quando pára de fazer alguma coisa, seja lá o que for, o mundo também vai parar. De certo modo é o parecer-se insubstituível, o único. O necessário!
A vida, a depender do momento, ela é curta, é comprida, não tem tamanho certo. As dificuldades do dia a dia é que medem o seu tamanho. Desligue-se.
Aprenda a nada fazer!
Fique quieto e deixe o mundo andar no seu próprio ritmo. Deixe que a terra gire em sua própria volta e em torno do sol. Deixe que as marés venham e vão, no curso dos ventos, da lua, do sol; no fluxo do Criador, que cuidou de tudo o que existe e nos cerca. Na terra, no céu, em todos os lugares.
É preciso acabar com a mania de que somos sempre necessários. Sem o nosso concurso, as coisas param, não se desenvolvem. Ilusão, pura ilusão que nos acompanha a vida inteira, de menino a velho, sempre à procura do-que-fazer. Mãos ocupadas, mente rodando, pensamentos sem cessar e inquietação, pura tolice que nada muda, nada transforma. Continuam os ventos, o calor, o frio e as pessoas pra lá e pra cá, do mesmo jeito.
Tire uma de psicólogo, observador e verifique. Em casa, no trabalho, em qualquer lugar. Não se vê alguém parado, sentado, quieto, sem fazer qualquer movimento. Nem mesmo os dedos param. Tamborilam, mexem-se a qualquer som que surja, acompanham ritmos invisíveis, mas quietos, completamente parados, é bastante difícil encontrar-se alguém assim.
É por isso que o Oriente e o Ocidente ficaram separados por muito tempo. De posturas opostas, inclusive, tal o comportamento dos cidadãos de lá e de cá.
Lá o silêncio é imperioso, a solidão querida é usada normalmente; à escuta do Alto se faz no dia-a-dia sem maiores sacrifícios. Desde o início da civilização os orientais chamam a tal conduta de meditação, contemplação, êxtase, samádhi, o estado psicológico da não-mente.
Por aqui, do lado onde a ciência e a tecnologia correm mais do que o tempo, não se tem tempo de ficar quieto, silencioso, ouvindo os “ditos indizíveis que São Paulo ouvia”.
No dia a dia, entre nós, só fazer, executar, produzir, ganhar dinheiro, horas extras. Diga-se de passagem, sobretudo para a sobrevivência, a duras penas, suada e disputada. A competição desenfreada contribui para fazer, fazer, fazer...
Sabemos, já faz parte das orientações das empresas, cuidar dos funcionários prestes a se aposentar, a fim de instruí-los na ocasião da sua aposentadoria. Antecipadamente, eles aprendem a se utilizarem do seu tempo de nada fazer.
Por incrível que pareça, eles adoecem por não terem o que fazer. Não aprenderam a nada fazer, a não fazer nada. Não aprenderam nem sabem curtir o seu sagrado tempo de descanso, de se sentar e ouvir a voz do vento. De saborear o prazer maravilhoso de ficar sem fazer nada.
Ilusão boba de que se está sendo útil em fazer qualquer coisa. Sente-se necessário, quando já não o é. Já fez tudo o que deveria ser feito. Trabalhou, foi útil, produziu, cumpriu seu tempo e suas obrigações.
Aprenda a ficar quieto!
Você está vivo! Merece o carinho e atenção de todos.
Todavia, precisa desse não-tempo, desse momento de espiritualidade e reflexão profunda. É uma vida nova que se inicia ou continua para os que curtem da espiritualidade, a volta do sagrado no coração da gente.
Por fim, nada fazer não é privilégio dos idosos, dos aposentados. É útil e salutar para todas as idades, todas as profissões. De vez em quando, sempre que possível, sem hora marcada: Sente-se, relaxe, espante seus pensamentos, física e mentalmente, isole-se do mundo, não se preocupe com o seu sistema vegetativo. Ele trabalha por si mesmo.
A união dos opostos. Trabalhe e relaxe. Durma e acorde. Saiba viver nos bons e nos maus momentos. Solte as amarras. Descubra sua interioridade!
Relaxe, medite, entre em sintonia com o Alto e, sem o perceber, você estará vivendo, em plenitude, a realidade presente.
Aprenda a nada fazer.
16/setembro/08
Edvaldo Santiago
Pelo menos, por algum tempo, fique sem nada fazer. Sente-se, o mais confortavelmente possível, e fique inerte, nervos lassos, completamente desligado de tudo em sua volta.
Não é fácil, todavia é necessário, para quem não quer entrar em parafuso. Perder o juízo, ficar doidão, na impressão de que, quando pára de fazer alguma coisa, seja lá o que for, o mundo também vai parar. De certo modo é o parecer-se insubstituível, o único. O necessário!
A vida, a depender do momento, ela é curta, é comprida, não tem tamanho certo. As dificuldades do dia a dia é que medem o seu tamanho. Desligue-se.
Aprenda a nada fazer!
Fique quieto e deixe o mundo andar no seu próprio ritmo. Deixe que a terra gire em sua própria volta e em torno do sol. Deixe que as marés venham e vão, no curso dos ventos, da lua, do sol; no fluxo do Criador, que cuidou de tudo o que existe e nos cerca. Na terra, no céu, em todos os lugares.
É preciso acabar com a mania de que somos sempre necessários. Sem o nosso concurso, as coisas param, não se desenvolvem. Ilusão, pura ilusão que nos acompanha a vida inteira, de menino a velho, sempre à procura do-que-fazer. Mãos ocupadas, mente rodando, pensamentos sem cessar e inquietação, pura tolice que nada muda, nada transforma. Continuam os ventos, o calor, o frio e as pessoas pra lá e pra cá, do mesmo jeito.
Tire uma de psicólogo, observador e verifique. Em casa, no trabalho, em qualquer lugar. Não se vê alguém parado, sentado, quieto, sem fazer qualquer movimento. Nem mesmo os dedos param. Tamborilam, mexem-se a qualquer som que surja, acompanham ritmos invisíveis, mas quietos, completamente parados, é bastante difícil encontrar-se alguém assim.
É por isso que o Oriente e o Ocidente ficaram separados por muito tempo. De posturas opostas, inclusive, tal o comportamento dos cidadãos de lá e de cá.
Lá o silêncio é imperioso, a solidão querida é usada normalmente; à escuta do Alto se faz no dia-a-dia sem maiores sacrifícios. Desde o início da civilização os orientais chamam a tal conduta de meditação, contemplação, êxtase, samádhi, o estado psicológico da não-mente.
Por aqui, do lado onde a ciência e a tecnologia correm mais do que o tempo, não se tem tempo de ficar quieto, silencioso, ouvindo os “ditos indizíveis que São Paulo ouvia”.
No dia a dia, entre nós, só fazer, executar, produzir, ganhar dinheiro, horas extras. Diga-se de passagem, sobretudo para a sobrevivência, a duras penas, suada e disputada. A competição desenfreada contribui para fazer, fazer, fazer...
Sabemos, já faz parte das orientações das empresas, cuidar dos funcionários prestes a se aposentar, a fim de instruí-los na ocasião da sua aposentadoria. Antecipadamente, eles aprendem a se utilizarem do seu tempo de nada fazer.
Por incrível que pareça, eles adoecem por não terem o que fazer. Não aprenderam a nada fazer, a não fazer nada. Não aprenderam nem sabem curtir o seu sagrado tempo de descanso, de se sentar e ouvir a voz do vento. De saborear o prazer maravilhoso de ficar sem fazer nada.
Ilusão boba de que se está sendo útil em fazer qualquer coisa. Sente-se necessário, quando já não o é. Já fez tudo o que deveria ser feito. Trabalhou, foi útil, produziu, cumpriu seu tempo e suas obrigações.
Aprenda a ficar quieto!
Você está vivo! Merece o carinho e atenção de todos.
Todavia, precisa desse não-tempo, desse momento de espiritualidade e reflexão profunda. É uma vida nova que se inicia ou continua para os que curtem da espiritualidade, a volta do sagrado no coração da gente.
Por fim, nada fazer não é privilégio dos idosos, dos aposentados. É útil e salutar para todas as idades, todas as profissões. De vez em quando, sempre que possível, sem hora marcada: Sente-se, relaxe, espante seus pensamentos, física e mentalmente, isole-se do mundo, não se preocupe com o seu sistema vegetativo. Ele trabalha por si mesmo.
A união dos opostos. Trabalhe e relaxe. Durma e acorde. Saiba viver nos bons e nos maus momentos. Solte as amarras. Descubra sua interioridade!
Relaxe, medite, entre em sintonia com o Alto e, sem o perceber, você estará vivendo, em plenitude, a realidade presente.
Aprenda a nada fazer.
16/setembro/08
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