quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Um Segundo de Cidadania!

O voto.

Um segundo e pronto. Foram eleitos Pre­feito, Vereador, Deputado, Senador, Governador e Presidente da República. Num segundo, apenas.

Que importância tem esse pedacinho de tempo, pequenininho, uma fraçãozinha de História! Quanta responsabili­dade. Na maioria das vezes, isso não é levado em conta!

Levam-se meses em palanques, discursos, promessas, as mais estranhas, para se chegar a esse segundo. Muita coisa acontece, muitas águas rolam, muito papel, muita saliva jogada fora, desperdiçada.

Muita mentira, muita verdade, muito dinheiro, muita enrolação, na conquista desse voto. Uma luta sem tréguas, com todo o tipo de golpe: proibido, permitido, treitas. Gestos admiráveis, renúncia, um vale tudo na conquista do voto. Alguns candidatos, inclusive, querendo ganhar no grito, atitude ultrapassada, sem mais vez nas nossas comuni­dades. Graças a Deus!

Preferíveis as promessas de salvação nacional, os “slogans” demagógicos, os deuses, as deusas, as musas e os orá­culos, os adivinhos, os búzios ou as cartas. Tudo isso, menos que ganhar no grito.

Agora, a síndrome das pesquisas! Uma loucura! A alegria do voto, a festa da democracia.

O segundo de cidadania!

Verdadeira arena onde os candidatos se entregam de corpo e alma, de palavras e de espadas, na disputa da preferência dos eleitores. Um espetáculo trágico-cômico e sério ao mesmo tempo. E gostoso, é bem verdade. Uma paixão!

Gente que nunca riu, não fecha os dentes, rindo para todo mundo. Gente que nunca cumprimentou ninguém, desconhe­cido, quase, de mãos estendidas, cumprimentando a Deus e o mundo, com a maior das cordialidades.

Verdadeiros artistas os candidatos, às centenas, aos milhares enfeitam ou enfeiam as cidades com seus dizeres e suas promessas, as mais doidas, curiosas, hilariantes, mas váli­das, porque democráticas, abertas, livres. Viva o Povo Brasileiro!

O interessante, todavia, é que os candidatos pensam que o povo não entende, que o povo não sabe discernir. Ledo engano. O povo é sabido, inteligente, sabe o que quer e só vota no candidato de sua preferência, no seu candidato, aquele escolhido por sua própria vontade, de seu gosto.

Um segundo de cidadania, a hora exata, decisiva, final. Momento culminante para os candidatos: eleitos ou não eleitos.

Não mais essa de distribuir cestas básicas, telhas, blocos, receitas médi­cas, óculos, recibos de luz e de água pagos. Distribuição de dinhei­ro, pensando que o povo é otário.

O povo é que está certo e sofre, paga o pato pelas más administrações. Não às mordomias, não à maldita corrupção dos ditos “procuradores do povo” que se esquecem do seu compromisso: servir à causa pública, assistir, em primeiro lugar, aos menos favorecidos, aos marginalizados, infelizmente, excluídos do sistema.

Administrar é amar o que se faz!

O bom seria que as eleições fossem livres. Não fosse obrigatório o voto. Não se gastasse tanto dinheiro, não houvesse tantas ofensas pessoais, tanto xingamento.

Utopia!

Que juntos os candidatos subissem no mesmo palanque, apresentassem suas propostas e saíssem juntos como adversários, não inimigos.

Que faça festa o povo! Que cante o povo! Que decida o povo!

É o segundo de cidadania!

O voto livre e soberano!

A democracia!

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